O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), se irritou com o ministro André Mendonça durante o julgamento de um recurso que analisa a exigência de inscrição na ordem dos OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para o exercício da advocacia.
Na audiência de forma remota, Moraes levantou uma hipótese em que a OAB poderia cassar o registro de um Advogado-Geral da União (AGU).
Eventualmente, se a OAB fosse contrária a um determinado advogado-geral da União (AGU) e estabelecesse um procedimento disciplinar e cassasse a OAB desse advogadogeral da União, imediatamente ele perderia o cargo“, disse.
Nesse momento, Mendonça – que foi AGU no governo Bolsonaro, interrompeu. “Não, isso não acontece. A parte… a parte de corregedoria está garantida à AGU. Só me permita essa parte.
Moraes, então, retomou sua fala.
“Exatamente o que ocorre é que como não há essa obrigatoriedade, se faz um monte de pequenas gambiarras. ‘Não, isso pode. Isso não pode. Aquilo pode’. Então, é muito perigoso subordinar uma instituição de Estado a qualquer outra, ou seja, a qualquer outra instituição que tem interesses privados também.”
Mendonça interveio novamente.
“Eu não me oponho a ser vencido na tese, mas não há relação de subordinação, nunca houve, nessa dicussão”, disse. Moraes, então, reagiu com irritação.
“Ministro André [Mendonça], eu ouvi Vossa Excelência com muito respeito.
Ouvi, prestei atenção, se Vossa Excelência permitir, eu continuo”, armou.
Os ministros debatem um recurso apresentado pela OAB de Rondônia e tem repercussão geral.
Mendonça x Dino
Na véspera, Mendonça discutiu com o ministro Flávio Dino em sessão sobre o aumento de pena para crimes cometidos contra a honra de funcionários públicos.
A Corte analisa os crimes de calúnia, injúria e difamação. Durante o julgamento, Mendonça defendeu que apenas o crime de calúnia tenha aumento de pena.
Chamar um servidor de louco ou incompetente pode ser injusto, mas não justica uma pena maior só por ele ser servidor”, disse.
E acrescentou:
“Ainda sim o ‘ladrão’ é uma opinião sobre a pessoa, não é um fato especíco’, armou.