Terminou por volta das 4h20 deste domingo (11) a cirurgia de separação das gêmeas siamesas Kiraz e Aruna, realizada no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), em Goiânia. A operação foi conduzida pelo cirurgião pediátrico Zacharias Calil. As duas estão se recuperando em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hecad.
Kiraz e Aruna têm um ano e seis meses de idade. Nasceram no interior de São Paulo e estavam isoladas no hospital desde a última quarta-feira (7). Calil explicou que o isolamento foi necessário para evitar que as pacientes fossem contaminadas, por exemplo, por vírus ou bactérias que lhes causassem enfermidades respiratórias. E também para preparar o intestino para a cirurgia.
Kiraz e Aruna foram definitivamente separadas por volta de 1h24 de manhã. Depois disso teve início a sétima etapa, que foi a reconstrução dos corpos das pacientes nas regiões em que ficaram expostas. “Foi uma cirurgia muito complexa, muito difícil, mas muito difícil mesmo. O fígado estava muito espesso e havia várias alterações anatômicas. Mas nós conseguimos”.
Participaram do procedimento mais de 60 profissionais, entre eles pelo menos 16 cirurgiões de especialidades diversas – como cirurgiões plásticos, ortopédicos, vasculares, especialistas em urologia e aparelho digestivo, além de quatro anestesiologistas.
Kiraz e Aruna seram classificadas, segundo o médico, como siamesas esquiópagas triplas, por terem três pernas e múltiplos órgãos compartilhados – como fígado, intestino, genitália, ânus, tórax e abdômen. Cada uma ficou com uma bacia e uma perna. A terceira perna foi sacrificada, para que pele e ossos fossem usados na reconstrução delas.
Na véspera, Zacharias Calil afirmou que a cirurgia seria realizada com tecnologia de última geração. Citou como exemplo um bisturi de argônio, que é um gás, que corta e coagula com alta precisão. E um equipamento que aspira sangue durante a cirurgia, filtra e o reintroduz no paciente. “Uma tecnologia de altíssima qualidade. Diminui muito a perda de sangue”, explica o médico.
Calil também fez questão de ressaltar que todo o procedimento foi feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Quando eu disse lá nos Estados Unidos que os pacientes não têm custo, eles assustaram. Hoje seria algo em torno de R$ 2,5 milhões. Fora o tratamento na UTI. Tudo isso é complexo demais. Lá nos EUA teria que haver uma arrecadação de dinheiro”.
Separação de gêmeas siamesas: perguntas e respostas
Quando e onde foram internadas as gêmeas siamesas de São Paulo, Kiraz e Aruna?
Quarta-feira (7), no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), em Goiânia.
Que dia ocorreu a cirurgia?
A cirurgia de separação aconteceu no dia 10 de maio de 2025.
Qual a idade das crianças?
As meninas têm 1 ano e 6 meses. São naturais do interior de São Paulo.
Quem fez o procedimento?
O cirurgião pediátrico do Hecad, Zacharias Calil, referência nacional em separação de siameses há mais de 25 anos.
Como é o caso das gêmeas Kiraz e Aruna?
Elas são classificadas como esquiópagas triplas (unidas pelo osso ísquio, com três pernas e múltiplos órgãos compartilhados). Elas compartilham estruturas como fígado, intestino, genitália, ânus, tórax e abdômen.
Quantos profissionais participaram da cirurgia de separação das gêmeas siamesas
Mais de 60, entre eles pelo menos 16 cirurgiões e quatro anestesistas.