A polícia de Bogotá procura os mandantes do atentado contra a vida do senador direitista Miguel Uribe Turbay, pré-candidato a presidente da Colômbia pelo partido Centro Democrático. No fim da tarde de sábado (7/6), o político de 39 anos foi baleado duas vezes na cabeça, quase à queima-roupa, enquanto participava de um comício na região oeste da capital colombiana. A etapa inicial da investigação concentra-se no celular apreendido com o atirador, um adolescente de 15 anos, e em uma mulher flagrada conversando ao ouvido do criminoso. No telefone do criminoso, foram encontradas mensagens suspeitas. "Tem que ser hoje. (...) Na hora que for", afirma o interlocutor.
O ministro da Defesa, Pedro Sánchez, informou que mais de 100 investigadores trabalham na tentativa de elucidar o crime e prender os criminosos. O adolescente autor dos três disparos está hospitalizado, sob custódia de 50 policiais, depois de receber um tiro na perna, ao tentar escapar.
Até as 22h, a condição clínica de Uribe era de "gravidade máxima", depois de passar por uma cirurgia. Simpatizantes do pré-candidato fizeram uma vigília do lado de fora da Fundación Santa Fé de Bogotá, o hospital para onde Uribe foi levado. "Força, Miguel!" e "Miguel, amigo, a Colômbia está contigo!", gritavam.
Bogotá foi palco de uma marcha pela paz, em que pessoas vestidas de branco ostentaram uma enorme faixa com as cores da Colômbia. Também houve protestos em outras cidades.
Andrés Barrios Bernal, vereador em Bogotá, estava ao lado de Uribe durante o comício. Uma das testemunhas-chaves do atentado, o amigo acompanhou o pré-candidato dentro da ambulância, no trajeto até o hospital. "Foram momentos de incerteza, de ansiedade. Muitas coisas passavam pela minha cabeça. Aproveitei esses minutos para pedir a Deus que guardasse a vida dele", contou ao Correio. Para o vereador, por trás do atirador, estão os autores intelectuais. "São completamente covardes, pois queriam acabar com a vida do senador Miguel, enviando um menor de idade para fazer isso", disse Bernal.
Segurança
O vereador disse que Uribe não comentou sobre qualquer tipo de ameaça. "No entanto, ele fazia uma pré-campanha muito forte, muito intensa, por toda a Colômbia e em Bogotá. A mensagem que trazia era a necessidade de devolver a segurança ao país, por causa da política fracassada de Gustavo Petro de paz total, que permite aos piores criminosos e bandidos fazer o que querem em nosso país", desabafou. Tanto Bernal quanto Uribe contavam com um aparato de segurança combinado entre a Unidade Nacional de Proteção (UNP) e a Polícia Nacional.
Professora de relações internacionais da Universidad Externado de Colombia, Magda Jiménez explicou ao Correio que o atentado é "um ponto de derrota da aposta pela paz, depois dos acordos". "Não porque tenha a ver com as Farc (guerrilha marxista), mas com o projeto de país desejado. Foi uma tentativa de assustar as classes políticas e o governo, mostrando a força dos grupos ilegais, que podem desestabilizar o Estado", disse.
Para Jiménez, uma das metas da tentativa de assassinato era ampliar a polarização e a capacidade de grupos criminosos de realizaram ações para minguar a resposta institucional sólida.
O atentado de sábado recebeu forte repúdio internacional. Em nota, o Itamaraty declarou que o governo brasileiro "condena firmemente" o ataque. "Ao expressar solidariedade ao senador e a sua família, e desejos de pronta recuperação, o governo brasileiro manifesta seu mais veemente repúdio a qualquer forma de violência política. O Brasil saúda a pronta detenção do suspeito (...) e confia na plena apuração do caso". Em nota, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Albert Ramdin, afirmou que "violência dessa natureza não tem lugar em uma democracia". "Apelo por uma investigação rápida e completa."