Susto com gripe aviária não afetou consumo de frango e ovos em Goiás, aponta Ifag

Impacto registrado afeta apenas produtores que trabalham com fornecimento para frigoríficos. Especialista afirma, entretanto, que mercado vem conseguindo absorver os danos

18/06/2025 08h29 - Atualizado há 10 horas
Susto com gripe aviária não afetou consumo de frango e ovos em Goiás, aponta Ifag
Com US$ 49,4 milhões em abril, a receita cresceu 8,8% na comparação interanual (Foto: freepik)

Apesar do susto inicial provocado pela confirmação do primeiro caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), vulgarmente conhecida como gripe aviária, em uma granja comercial brasileira, a resposta rápida das autoridades sanitárias tem evitado maiores prejuízos à cadeia produtiva de aves no país. O foco, registrado em maio no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, gerou suspensões pontuais nas exportações por parte de países como China, Japão, Emirados Árabes e Reino Unido. Em Goiás o único caso registrado até o momento foi em uma fazenda em Santo Antônio da Barra com frangos de subsistência, no entanto, os impactos foram limitados.

O estado, que se mantém como um dos maiores produtores de frango e ovos do Brasil, continua com suas atividades sem alterações para o consumidor final.

O analista de mercado do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Marcelo Penha, garantiu que o consumo de carne e ovos no estado não sofreu impacto direto. “Desde o início foi informado que a carne e os ovos processados não representam risco ao consumidor. Não houve nenhum prejuízo no consumo interno aqui em Goiás”, afirmou Penha. Para o caso registrado com frangos caipiras, criados para vendas locais, não afetam diretamente as vendas e exportações por não serem comercializados em larga escala.

Zona de risco isolada e medidas imediatas

O foco de contaminação levou à ativação dos protocolos previstos no Plano Nacional de Contingência do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Assim como no caso do Rio Grande do Sul, a Agrodefesa goiana também reforçou as medidas preventivas, principalmente em propriedades próximas de rotas comerciais e regiões de alta produção.

“O órgão de defesa já tomou todas as medidas cabíveis, criou zonas de isolamento e notificou produtores vizinhos sobre os cuidados necessários. Como o vírus não se espalhou, a situação voltou ao padrão de vigilância normal em Goiás”, explicou o analista.

Exportações

Mesmo com a contenção rápida, as exportações goianas sofreram momentaneamente. Países como a China — principal comprador de carne de frango brasileira — suspenderam as importações por 60 dias, conforme acordo internacional. Ainda assim, segundo Penha, a diversificação de destinos ajudou a amortecer os prejuízos.

“Alguns países limitaram o bloqueio ao município ou ao estado afetado, o que permitiu a continuidade das exportações em outras regiões. Goiás, por exemplo, continua com autorização para exportar para vários destinos”, ressaltou.

Impacto para produtores, não para o consumidor

Embora o consumidor não tenha sentido os efeitos diretamente nas gôndolas, os produtores integrados, que trabalham com contratos de fornecimento para frigoríficos, enfrentaram uma redução nos ganhos durante o período de suspensão. “Esse é o principal impacto negativo. O produtor perde rendimento, o que afeta sua atividade econômica. Mas é algo que o mercado tem conseguido absorver”, pontuou Marcelo Penha.

No caso dos ovos, Penha também tranquiliza a população. Ele explica que em situações de foco em granjas, os ovos são automaticamente descartados, não chegando ao comércio. “Se o problema for em unidades produtoras, os ovos são inutilizados, tanto os destinados à reprodução quanto os para consumo. Nenhum produto contaminado chega ao consumidor”, afirmou.

Vigilância constante

Com mais de R$ 9,6 bilhões movimentados apenas com frangos em 2025, Goiás mantém posição de destaque no cenário nacional. O estado possui um sistema sanitário considerado modelo, e a atuação preventiva tem sido a chave para evitar a disseminação de doenças como a Influenza Aviária.

“O estado produz mais do que consome e é grande exportador. Por isso, a vigilância é constante. Qualquer sintoma como dificuldade respiratória, asas caídas ou diarreia nas aves deve ser imediatamente comunicado à Agrodefesa”, orientou o analista.

Segundo o MAPA, a Influenza Aviária não é transmitida por alimentos, e o Brasil segue classificado como país livre da doença no comércio internacional. O alerta permanece, mas as ações de contenção e informação têm evitado pânico e desinformação.

Defesa sanitária

No dia 15 de maio, o Ministério da Agricultura confirmou o primeiro caso de IAAP em uma granja no Sul do país. Desde então, o Brasil ativou os protocolos de controle, incluindo a vigilância ativa em zonas de risco e notificação a organismos internacionais. Goiás não teve registros e reforçou as medidas para evitar qualquer entrada do vírus em território estadual.

Exportações de Carne de Frango

Os dados acumulados de janeiro a abril de 2025 revelam um cenário de crescimento sólido nas exportações de carne de frango em Goiás, com um total movimentado de US$ 181,3 milhões, representando uma alta de 20,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em volume, foram embarcadas 91,3 mil toneladas, crescimento de 15,6%. O valor médio por tonelada atingiu US$ 1.985,03, avanço de 4,5%, evidenciando melhora na valorização do produto goiano no mercado internacional.

Abril de 2025 destacou-se como o melhor mês do período, com exportações que totalizaram US$ 49,4 milhões, referentes ao envio de 24,6 mil toneladas, ao preço médio de US\$ 2.006,65 por tonelada. Este resultado representa aumento de 8,8% em receita, 6% em volume e 2,6% em preço unitário, na comparação com abril de 2024.

Perfil do Produto Exportado

A análise por categoria aponta que asas e peito congelados lideram o portfólio exportador, respondendo por 40% do valor total comercializado. Em seguida, aparecem coxas com sobrecoxas (25,1%), galos e galinhas não cortados congelados (22,4%) e pedaços e miudezas congeladas (12,5%). Essa composição sugere uma preferência do mercado externo por cortes nobres e produtos com maior valor agregado.

Destinos Internacionais

Entre os principais mercados compradores, destacam-se os Emirados Árabes Unidos (14,1%), China (12,1%) e Arábia Saudita (11,1%). O Japão absorveu 8% das exportações goianas, enquanto a Coreia do Sul ficou com 5,9%. Em termos absolutos:

•             Emirados Árabes Unidos: US$ 25,5 mi / 12 mil toneladas

•             China: US$ 21,8 mi / 7,3 mil toneladas

•             Arábia Saudita: US$ 20 mi / 8,6 mil toneladas

•             Japão: US$ 14,5 mi / 6,4 mil toneladas

•             Coreia do Sul: US$ 10,7 mi / 5,7 mil toneladas

A diversidade de destinos reforça a competitividade da carne de frango goiana, com presença consolidada em mercados estratégicos do Oriente Médio e da Ásia.

Tendência Mensal

O gráfico de exportações mensais mostra relativa estabilidade nos volumes embarcados ao longo dos últimos 12 meses, com picos em abril/25 (24,6 mil t) e janeiro/25 (cerca de 22 mil t). Em termos de receita, abril também foi o mês de melhor desempenho, impulsionado pela leve recuperação do preço médio por tonelada, após oscilações registradas entre outubro/24 e fevereiro/25.


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