Senado dos EUA aprova projeto de Trump que reduz impostos, aumenta verba contra imigrantes e corta programas sociais

O Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos (CBO, na sigla em inglês) estima que o pacote orçamentário adicionará cerca de US$ 3,3 trilhões (aproximadamente R$ 18 trilhões) à dívida pública do país.

02/07/2025 04h34 - Atualizado há 17 horas
Senado dos EUA aprova projeto de Trump que reduz impostos, aumenta verba contra imigrantes e corta programas
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O megapacote de cortes de impostos proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi aprovado nesta terça-feira (1º) pelo Senado norte-americano. Intitulado "One Big Beautiful Bill" (Um grande e belo projeto, na tradução livre), o texto prevê, entre outros pontos:

•             o aumento de recursos voltados ao controle da imigração;

•             a ampliação dos gastos com Forças Armadas;

•             cortes em programas sociais — em especial, na saúde;

•             a criação de novas isenções fiscais para gorjetas e horas extras;

•             a revogação de incentivos à energia limpa promovidos pelo democrata Joe Biden.

A proposta estende os cortes de impostos de 2017, feitos por Trump no primeiro mandato. Por outro lado, reduz os recursos destinados a programas como o Medicaid — que oferece acesso à saúde para famílias de baixa renda. Além disso, o projeto pode elevar a dívida dos EUA.

O Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos (CBO, na sigla em inglês) estima que o pacote orçamentário adicionará cerca de US$ 3,3 trilhões (aproximadamente R$ 18 trilhões) à dívida pública do país.

Após aprovação no Senado, o projeto irá retornar à Câmara dos Deputados. Caso seja novamente aprovado, seguirá para a sanção presidencial. A previsão é que a votação ocorra já na próxima quarta-feira (2). Saiba mais sobre o projeto.

Trump quer sancionar a lei até o feriado da Independência, em 4 de julho. O presidente da Câmara, Mike Johnson, afirmou em comunicado que pretende cumprir esse prazo.

Votação apertada

Apesar do controle republicano no Senado, a votação desta terça foi apertada. Após uma longa sessão que se estendeu pela madrugada, o voto de desempate ficou a cargo do vice-presidente J.D. Vance.

Os três republicanos que se posicionaram contra o projeto foram Thom Tillis (Carolina do Norte), Susan Collins (Maine) e Rand Paul (Kentucky).

Aliados de Trump enfrentaram um caminho difícil para aprovar o projeto de 940 páginas, em meio a divergências sobre benefícios fiscais e mudanças nas políticas de saúde que podem transformar setores inteiros e deixar milhões de pessoas sem cobertura médica.

Desde o início, os democratas manifestaram forte oposição ao pacote, argumentando que os cortes de impostos favorecem desproporcionalmente os mais ricos, comprometendo programas sociais essenciais para os norte-americanos de baixa renda.

Sobre o que trata o projeto?

O projeto visa tornar permanentes os cortes nos impostos sobre a renda individual e heranças, aprovados durante o primeiro mandato de Trump, em 2017. Também incorpora promessas de campanha feitas em 2024, como a isenção de tributos sobre gorjetas, horas extras e juros de determinados financiamentos de veículo, além de uma dedução de US$ 6 mil (R$ 32,7 mil) para idosos que ganham até US$ 75 mil (R$ 408,8 mil) por ano.

A lei ainda destina dezenas de bilhões de dólares à repressão imigratória de Trump e pode revogar uma série de incentivos à energia verde trazidas pelo ex-presidente democrata Joe Biden, além de restringir a elegibilidade para programas de segurança alimentar e de saúde.

Segundo a estimativa mais recente do Escritório de Orçamento do Congresso norte-americano (CBO, na sigla em inglês), a lei adicionaria US$ 3,3 trilhões à dívida de US$ 36,2 trilhões (R$ 197,3 trilhões) do país.

De acordo com analistas consultados pela Reuters, esse aumento da dívida serviria efetivamente como uma transferência de riqueza dos mais jovens para os mais velhos, uma vez que tende a desacelerar o crescimento econômico, aumentar os custos de empréstimos e eliminar outros gastos do governo nas próximas décadas.

Outra projeção do CBO é que o projeto também aumentaria o limite de endividamento dos EUA em US$ 5 trilhões (R$ 27,3 trilhões), adiando a perspectiva de um calote da dívida neste verão — o que afetaria não apenas os mercados financeiros norte-americanos, mas do mundo inteiro.


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