Ex-presidente da Câmara e ex-deputado, Eduardo Cunha disse em sua proposta de delação premiada que arrecadou cerca de R$ 150 milhões com empresários nas eleições de 2014, incluindo mais de R$ 80 milhões em caixa dois.
O destino do dinheiro, segundo o BuzzFeed News apurou, era um grupo de mais de 50 deputados que formavam uma espécie de bancada de Eduardo Cunha na Câmara.
Esse grupo era formado principalmente por deputados do PMDB e do baixo clero da Câmara, como PP, PR e PSC.
Na proposta de delação, Cunha citou ainda uma série de empresas que bancaram os valores, incluindo o caixa dois. Entre elas, a Odebrecht e a JBS, que fizeram delação premiada a admitiram repasses ilegais a políticos. Há ainda setores que a Lava Jato pouco ou nada avançou, como empresas de transporte e montadoras.
Em 2014, Eduardo Cunha era um dos mais influentes deputados do PMDB da Câmara, grupo político que formava uma bancada informal que incluía também Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima, ambos presos pela Lava Jato, e o então vice-presidente, Michel Temer.
Agora preso, Eduardo Cunha tentou, sem sucesso, negociar uma delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Na avaliação de investigadores, Cunha não contou tudo que sabia e muitas das acusações não tinham documentos de corroboração. A negociação pode ser reaberta mês que vem, quando Raquel Dodge assume a chefia da PGR.
Em entrevista à revista Época, o advogado de Cunha, Délio Lins e Silva Júnior, disse que o ex-deputado rejeitou o acordo. "A negociação foi encerrada por Eduardo, que se negou a participar da entrevista ao perceber que estava sendo usado pela PGR para forçar o acordo de Funaro", disse Délio.
Procurado pelo BuzzFeed News, o advogado disse que não comentaria.