Mesmo que seja, infelizmente, desprezível pensar sobre o papel de um senador da República, é preciso falar do assunto que é muito sério. Não seria desprezível se o eleitor tivesse a mínima curiosidade de saber a função desse parlamentar, e os que sabem, de difundir a necessidade de acompanhar o que eles fazem. Ou não fazem.
Cada uma das 27 unidades da Federação envia para o Congresso, por meio do voto popular e majoritário, 3 representantes, totalizando 81 senadores. Para facilitar a explicação às pessoas que desconhecem as atribuições a eles confiadas, é o seguinte: os deputados (distritais, estaduais e federais) devem defender os interesses do cidadão. Os senadores devem defender os interesses dos seus respectivos Estados. Reside aí o problema.
Pesquisando as informações difundidas na internet pelos próprios senadores do Distrito Federal, encontramos algumas curiosidades.
Cristovam Buarque, por exemplo, exibe cerca de 15 leis em 15 anos de mandato no Senado Federal, até agora. Ele talvez seja um dos maiores produtores de dias nacionais. Anote: Dia Nacional do Piso Salarial dos Professores (não existia o piso?); Dia Nacional do Compromisso com a Criança, o Adolescente e a Educação; Dia Nacional da Educação Infantil (de novo?); Dia Nacional das Mudanças Climáticas (não pode rir, hein); Dia Nacional do Historiador; Dia Nacional da Leitura (não deveria ser todos os dias?), entre outras iniciativas que ninguém sabe a utilidade delas.
Considerando que 40% do seu mandato foram dedicados a criar dias nacionais, ele consumiu seis anos só nessa empreitada. Cada dia nacional criado por ele custou, portanto, um ano de Senado que corresponde em valores atuais a cerca de 668 mil 400 reais. Sem considerar a estrutura disponível, incluindo a água e o cafezinho.
Isso mesmo. É o custo de cada um dos dias nacionais aos quais ele dá a pompa de “Leis Buarque”. Bom seria que esclarecesse qual a utilidade dessas leis para o Distrito Federal.
Como desgraça pouca é bobagem, temos ainda outros dois senadores. Reguffe publica no sítio oficial que é autor, juntamente com mais 30 ou 40 senadores, de ementas, revogações, nova redação de artigos e alíneas em dispositivos legais que nenhum benefício ou verbas trazem para Brasília. Hélio José, o senador que ocupa a terceira cadeira sem nunca ter recebido um único voto, segue a mesma linha.
O fator economia propagado por eles deve ser, na realidade, de iniciativas que tenham impacto sobre a vida dos brasilienses.
Considerando esses aspectos, nossa bancada no Senado Federal custa muito caro aos cofres públicos, e ainda que não recebessem nem o salário, poderiam ajudar mais se produzissem algo de útil previsto em suas funções.
Alguém vai sair em defesa deles, não se sabe com quais argumentos, mas ficou patente a ausência de todos num dos momentos mais críticos da vida brasileira.
Defenderam a Lava Jato empunhando a bandeira do Ministério Público e da Polícia Federal? Lideraram marchas em favor da decência, da moral, dos bons costumes? Divulgaram seus discursos no púlpito mais concorrido do Congresso Nacional?
O Distrito Federal amarga uma estatística cruel: três senadores foram cassados e um quarto está preso. Outro abandonou o cargo para ocupar a cadeira maior do Buriti e, dizem, abandonar também o Distrito Federal só para não perder o costume e a tradição.
Notibras tem promovido enquetes sobre a situação política atual e muitas surpresas têm surgido. Não há como prever o futuro, mas é certo que em 2018 o eleitor poderá querer saber exatamente o que fazem os senadores. E penalizar aqueles que abusaram da confiança coletiva, que estão há anos de braços cruzados, enquanto o Distrito Federal agoniza por recursos para áreas sensíveis que não são contempladas pelo fundo constitucional.
Só os senadores podem acudir nossa sociedade. E se isso acontecer, então será providencial instituir o Dia Nacional do Senador que Finalmente Trabalhou pelo Distrito Federal.