Implantar e testar a tecnologia robótica nos procedimentos cirúrgicos de diversas especialidades é a proposta do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) para fortalecer o ensino e pesquisa com medicina de ponta, bem como acompanhar as últimas inovações científicas. O projeto, apresentado nesta quinta-feira (14) para representantes da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, terá custo de R$ 20 milhões. Estes recursos, que serão utilizados para adquirir equipamentos, insumos e fazer manutenção, serão destinados pelo governo federal, caso a proposta já entregue seja aprovada.
O robô é utilizado pelo cirurgião para manipular com alta precisão as pinças. O médico opera observando a imagem do interior do corpo do paciente em um monitor, com a utilização de uma espécie de joystick (aparelho de telecomando) para executar os movimentos que os braços robóticos farão durante a cirurgia, reduzindo o tempo do procedimento. O robô reproduz no paciente os movimentos do cirurgião com maior firmeza e sensibilidade, e propicia técnicas diferenciadas para alcançar áreas de difícil acesso.
"O equipamento também possui uma luz ultrassônica que identifica tumores que não seriam visualizados em uma cirurgia comum. O robô faz a ressecção do tumor de maneira mais precisa, aumentando as chances de cura para pacientes oncológicos. É um avanço que dará a oportunidade de os pacientes serem curados, com cirurgias menos invasivas e mais seguras. É um avanço inestimável", considerou o médico e diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Renato Alves Teixeira.
A tecnologia robótica, considerada de excelência no mundo inteiro, também contribui para a diminuição da dor e do desconforto no pós-operatório, diminuição de perdas sanguíneas e menor tempo de permanência no hospital. Também pode possibilitar ao paciente a oportunidade de retornar mais rapidamente às suas atividades diárias.
Renato Teixeira também lembrou que essa modernização é bem fundamentada em outros países. "Nos Estados Unidade, onde há 3,5 mil robôs, a utilização é consolidada. Não se discute mais qual o melhor método para cirurgias de grande complexidade e de difícil acesso. No Brasil, há poucos robôs. Na região Centro-Oeste o equipamento não está disponível nem na iniciativa privada, nem na rede pública", afirmou.
O secretário adjunto de Assistência da Secretaria de Saúde, Daniel Seabra, ressalta que o projeto é de grande relevância. "A fase experimental será totalmente custeada pelo Ministério da Saúde, ou seja, não haverá desembolso pelo governo local. Uma vez constatado que essa tecnologia é benéfica para o SUS, o DF passará a assumir o aparelho, assim como a manutenção e insumos. Sabemos que se trata de uma evolução científica, que também permite a prestação de assistência com um método mais avançado", considerou, ao dizer que a experiência terá duração de aproximadamente três anos.
O diretor do Hran, José Adono, explicou que o equipamento será instalado na Sala Inteligência, onde os procedimentos são monitorados com câmeras, sendo que as imagens podem ser transmitidas em tempo real. "Sabemos que a medicina está evoluindo e precisamos nos preparar para o futuro, formando médicos capazes de operar esses equipamentos", ressaltou.
EXPERIÊNCIA - O Secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Marco Fireman, disse que o governo federal já investe em dois projetos de cirurgia robótica em São Paulo – um no Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp) e outro no Instituto Nacional de Câncer (Inca).
"É um projeto ousado, mas importante. Estamos estudando a possibilidade de introduzir a tecnologia robótica em fase experimental de pesquisa para fazer a avaliação de desempenho no SUS, verificar os benefícios para saber se temos viabilidade de ampliar o investimento futuramente para outros hospitais", considerou.
Segundo ele, é importante o projeto desenvolvido no Hran em razão de ser atuante na formação de novos médicos e profissionais de saúde. "A tecnologia é uma tendência mundial. Isso é uma questão de tempo. Por isso, temos que aprender na fase de pesquisa para um futuro próximo que está chegando e que já ocorre no mundo", finalizou, ao recordar que a implantação de cirurgia de videolaparoscopia foi considerado um exagero à época, mas hoje é uma técnica muito utilizada.
O projeto foi entregue ao Ministério da Saúde, que avaliará ainda este ano a viabilidade para custeá-lo. Caso seja aprovado, a partir de 2018 o equipamento entrará em fase de instalação para ser testado e avaliado por um período de aproximadamente três anos.