Polícia Civil prende integrantes da organização criminosa Crime, Maldição e Morte (CMM), que agia em todo o DF, dominava o tráfico em Planaltina e era responsável pela maioria dos homicídios na região.
Uma megaoperação da Polícia Civil deteve ontem nove pessoas, entre elas um menor, acusadas de pertencer a uma organização criminos que cehgou a ter mais de 30 pessoas e aterrorizava o DF e o Entorno. O suspeito de chefiar o grupo é um cadeirante, que também foi preso. Segundo o delegado-chefe da 31ª Delegacia de Polícia (Buritis IV), Pedro Luís de Moraes, os bandidos foram responsáveis por 108 dos 276 homicídios ocorridos na região administrativa desde 2014. E, somente este ano, mais de 30 assassinatos na cidade tiveram relação com a quadrilha.
O número de integrantes e o nível de hierarquização classificam o grupo em uma categoria que supera a de uma simples quadrilha. “Trata-se de uma organização criminosa. Cada integrante tinha papéis bem definidos”, explica o delegado. Abaixo do líder, três coordenadores chefiavam outros quatro gerentes. Estes, por sua vez, eram responsáveis por controlar os “funcionários”, nome dado aos componentes que executavam rivais e comercializavam as drogas, como crack e maconha.
As execuções eram marcadas por violência e frieza. Segundo a Polícia Civil, o bando colocava rivais na mira dos assassinatos, mas também foi responsável por registros de mortes de inocentes. “Eles controlavam Buritis II. Quem fosse confundido com algum integrante de quadrilhas inimigas poderia ser morto também”, relata o delegado Moraes. A crueldade dos bandidos fica evidente no nome escolhido pelos próprios integrantes para batizar a organização: “Crime, Maldição e Morte (CMM)”. Os policiais apreenderam com os criminosos uma submetralhadora 9mm, de uso exclusivo das Forças Armadas.
A polícia já investigava as quadrilhas desde 2009 pela prática de crimes diversos na região. “Mas apenas este ano o grupo atingiu a alta complexidade para ser classificado como organização criminosa”, revela Moraes. Antes, gangues dispersas disputavam o controle do tráfico de drogas em Planaltina, Sobradinho, Paranoá e cidades do Entorno, como Formosa.
De dentro do presídio
Além das nove pessoas detidas ontem, a operação cumpriu outros 22 mandados de prisão contra suspeitos já detidos no Complexo Penitenciário da Papuda, também acusados de integrarem a organização criminosa. De acordo com a Polícia Civil, o grupo atuava de dentro dos presídios, de maneira muito semelhante às grandes facções do Rio de Janeiro e de São Paulo, como Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC).
O temor, segundo o delegado Moraes, era de que o CMM fosse usado como extensão das quadrilhas ainda mais estruturadas de outros estados. “O perigo estava na possibilidade de o grupo se aliar ao CV ou a PCC”, afirma.
108
dos 276 homicídios e tentativas registrados em Planaltina desde 2014 têm relação com o CMM, aponta a Polícia Civil
Divisão de tarefas
De acordo com a Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, uma organização criminosa se classifica pela “associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas” na prática de crimes com penas máximas acima de quatro anos. Os integrantes podem pegar de três a oito anos de reclusão, além das penas para os crimes cometidos, como tráfico e homicídio.