21/09/2017 às 13h06min - Atualizada em 21/09/2017 às 13h06min

Partidos que romperem com o governo perto da eleição correm risco

Isso, no quadro atual de rejeição à política, aos partidos e aos políticos, não será nada bom para eles

Helio Doyle

O governador Rodrigo Rollemberg, que é do PSB, elegeu-se com o apoio formal de três partidos — PDT, PSD e Solidariedade — e da Rede Sustentabilidade, que na época ainda não era formalmente um partido. Essas agremiações participam desde o início do governo de Brasília, sendo que só o Solidariedade não tem atualmente representante no primeiro escalão, e ocupam inúmeros cargos na administração e nas empresas estatais.

 

Dirigentes do PDT, porém, já anunciaram que em outubro o partido poderá romper com o governador e deixar o governo. O distrital pedetista Joe Valle é tido como possível candidato ao governo.

 

Ninguém do PSD disse nada publicamente, mas se especula que dificilmente esse partido manterá sua aliança com o PSB nas eleições de 2018 e que, por isso, também deixará o governo. O vice-governador Renato Santana não está nos planos de Rollemberg e deverá se candidatar a deputado federal ou distrital.

 

Na Rede há forte pressão nas bases e de pelo menos dois dos dirigentes regionais para que o partido entregue os cargos que ocupa e deixe o governo. A maioria da direção hesita, inclusive porque não se sabe ainda se o PSB, nas eleições para presidente da República, estará novamente aliado à Rede ou se coligará com o PSDB.

 

O Solidariedade já perdeu a Secretaria de Justiça e Cidadania e a Administração Regional de Taguatinga, que eram ocupadas por indicados da distrital Sandra Faraj, mas mantém na Administração Regional do Gama uma indicada do deputado Augusto Carvalho. Poucos acreditam que o partido estará com Rollemberg em 2018.

 

Dificilmente esses partidos estariam se movimentando para deixar o governo se Rollemberg estivesse sendo aprovado pelos brasilienses e bem posicionado para a reeleição. Mas como o governo e o governador são mal avaliados e a reeleição é improvável, embora ainda possível, o rompimento é considerado questão de tempo.

 

Parece, porém, que os dirigentes do PDT, do PSD e da Rede não estão considerando que deixar o governo no período inferior a um ano das eleições leva a dois desgastes perante o eleitorado: serão considerados oportunistas, por manterem mais de mil cargos para seus filiados durante tanto tempo, só largando o osso perto do fim da gestão; e não conseguirão se dissociar da imagem negativa do governo do qual, afinal, participaram durante três anos.

 

O PDT e o PSD, já colocados pelos eleitores no balaio da velha política, e a Rede, que ainda mantém uma imagem de renovação, correm o risco de entrar em 2018 com a marca negativa do oportunismo. Isso, no quadro atual de rejeição à política, aos partidos e aos políticos, não será nada bom para eles.


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