21/09/2017 às 13h10min - Atualizada em 21/09/2017 às 13h10min

É melhor para Izalci tentar se reeleger deputado: talvez garanta o mandato, a verba indenizatória e o foro

O deputado federal Izalci deveria pensar melhor

Helio Doyle

É voz corrente que o governador Rodrigo Rollemberg conta com a falta de adversários fortes para se reeleger. Há nisso um erro e um acerto: o erro é achar que se ganha eleição por WO e o acerto é que realmente não apareceu até agora nenhum candidato forte para as eleições de 2018. Isso não quer dizer que Rollemberg já ganhou caso permaneça o quadro atual, pelo contrário. O desgaste dele é imenso e ainda é impossível prever como serão as eleições.

 

Dizem também que a sorte acompanha Rollemberg desde o primeiro mandato de deputado distrital. É inegável que a vida política do governador tem sido facilitada por acontecimentos que o favorecem, e sorte também conta. Mas é óbvio que inúmeros outros fatores políticos e pessoais tiveram peso na ascensão a deputado federal, senador e governador.

 

De um jeito ou outro, mais um pretenso candidato a governador vê suas já poucas chances de se eleger ainda mais reduzidas. A denúncia por peculato contra o deputado tucano Izalci Lucas dificulta sua eleição, até porque não é a única a que responde. E nem é o único fator a complicar sua vida em 2018.

 

Izalci, embora tente disfarçar, é o típico político tradicional, no modelo que o eleitorado rejeita. Uma demonstração disso é que de 2011 a 2017, como conta o Jornal de Brasília, em matéria de Francisco Dutra, o deputado gastou R$ 2,1 milhões em verbas indenizatórias. E desse valor, R$ 897,8 mil para pagar o escritório de advocacia que o defende.

 

A verba indenizatória, inventada pelos parlamentares para aumentar seus rendimentos diretos e indiretos, é uma excrescência que já deveria ter sido extinta. Além disso, nada justifica que o deputado federal pague um escritório de advocacia com dinheiro público a pretexto de “consultoria”. Como diz, na mesma matéria, o secretário-geral da Contas Abertas, Gil Castelo Branco, a Câmara e o Senado “têm excelentes assessores e consultores aprovados nos concursos mais difíceis do país”. Izalci alega que não pode contar com eles.

 

Izalci acha que pagar seus advogados com a verba indenizatória não é ilegal nem imoral. Ilegal não é mesmo, pois a lei aprovada por deputados e senadores nela interessados permite essa privatização de recursos públicos. Mas é imoral, sim. É imoral receber a verba indenizatória e mais ainda gastar em benefício próprio.

 

O deputado federal Izalci deveria pensar melhor, pois talvez seja melhor para ele tentar a reeleição. Garante o mandato, a verba indenizatória e o foro privilegiado.


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