Fiel da balança para salvar o presidente Michel Temer de sua segunda denúncia, deputados do centrão vão intensificar, a partir da semana que vem, a cobrança por cargos e liberação de emendas. E, diferentemente da primeira acusação, vão cobrar agora o valor à vista, e antes mesmo da nova votação.
O BuzzFeed News ouviu integrantes do PP, PR e Solidariedade que, em conversas informais, queixaram-se de não terem recebido o prometido após liberarem Temer de sua primeira denúncia.
Todos disseram que Temer prometeu cargos no segundo e terceiro escalão do governo, além da liberação de emendas, mas boa parte dos indicados ainda não foram nomeados e o dinheiro para as bases está aquém do esperado.
Um importante líder do centrão explicou o caso da seguinte maneira: “na primeira denúncia nos deram um cheque pré-datado que ainda não foi compensado, queremos agora o pagamento à vista”.
Segundo estes deputados, a cobiça ao primeiro escalão do governo, com o pedido de substituição do ministro Antonio Imbassahy, do PSDB, por alguém do centrão, é mais um jogo de pressão do que realmente um pedido específico.
A avaliação de parte da base de Temer é que Imbassahy se tornou um “amigo e confidente” do presidente, por isso, o pedido de seu cargo está mais ligado à estratégia de obter os cargos no segundo e terceiro escalão, bem como à liberação de emendas, do que com a real intenção de obter o ministério.
Temer já foi avisado sobre os interesses, e sabe que até mesmo metade da bancada do seu PMDB está trabalhando da mesma forma que o centrão.
A informação do Palácio, até agora, é de que será preciso manter Imbassahy no governo para assegurar parte do PSDB na votação contra a denúncia e reorganizar os cargos de segundo e terceiro escalão para manter o apoio do centrão.
Além disso, vão tentar mostrar para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM do Rio de Janeiro, que o suposto ‘roubo’ de deputados que querem deixar o PSB na verdade não está ligado à pressão do Planalto, mas à vontade dos próprios parlamentares em suas contas eleitorais para a eleição.
Apesar disso, o Planalto deverá trabalhar para que os integrantes do PSB migrem para o DEM, agrando Maia e operando, especialmente, na liberação de emendas aos aliados.
Quanto aos cargos, o Palácio fará sua matemática nos próximos dias para tentar definir como alocar os novos indicados sem exonerar figuras de aliados já antigos.
Nem mesmo a cúpula do governo sabe, hoje, como isso será possível.