27/09/2017 às 07h05min - Atualizada em 27/09/2017 às 07h05min

Fundo partidário mostra que político não respeita o povo

Causa estranheza o fato de os políticos pretenderem abdicar do horário político gratuito de TV e rádio. Não é simples assim nem a intenção é bem essa. O que eles querem aparentemente é a conversão dos valores da renúncia fiscal oferecida aos veículos, em verbas para utilização em campanhas eleitorais.

Existem duas propostas opostas: a do senador Romero Jucá (PMDB-RR) quer 3,5 bilhões de reais para torrar em 2018, com o reforço do valor de metade das emendas parlamentares – esses recursos são destinados a obras, saúde, segurança, educação e outros fins – e a do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) que simplesmente quer acabar com os programas eleitorais de rádio e televisão.
 

Entretanto, existem as inserções de propaganda, extra temporada de campanha, normalmente de 30 segundos, exibidas no decorrer do ano nos intervalos comerciais da programação normal das emissoras. Os partidos utilizam essas inserções para dar notoriedade aos seus filiados, outros para atacar futuros adversários, de acordo com o pleito que pretendem.

Muitos utilizam com maior freqüência e criam bordões como o do deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), que vem repetindo há muito tempo o já conhecido “Governador, respeite o povo…”. No seu caso os alvos são governadores.

Agnelo Queiroz e Rodrigo Rollemberg – um esteve e o outro está na mira – desfrutam do prestígio televisivo de Fraga que não larga do pé.

Ainda que os atingidos tentem desmentir ou contestar parte das mazelas atribuídas a eles, a propaganda é breve, mas o residual das mensagens pode ser inesquecível e indesejado. Outros partidos frequentam a TV e o rádio para atrair filiados, prometendo facilidades nas eleições. Tentam também convencer as mulheres de que ser política atuante é melhor do que discutir temas de salão de beleza.

O pacote de renúncia fiscal incluiria essas inserções? Nelas não há regras rígidas e muitos produzem vídeos extemporâneos, como preparação antecipada de campanha, para ter seus perfis conhecidos pelo eleitor. Quem é atacado, reclama. Mas não adianta chorar o leite derramado. Em apenas 30 segundos, não é possível explicar uma acusação, apenas acusar de forma contundente. É possível, no mesmo tempo, utilizar o mesmo espaço para a defesa, recurso pouco recomendado. Afinal, é o ataque a melhor defesa.

Rollemberg reclama de Fraga e afirma que ele não diz coisa com coisa, mas sua defesa é insipiente e mantém a razão com o coronel deputado que continua chutando sua canela. Agnelo Queiroz também reclamava, embora sua alta rejeição fosse inferior à de Rollemeberg, e ainda assim tinha que suportar os 30 segundos de Fraga repetindo seu slogan.

A proposta de Caiado pode varrer de uma vez por todas a mínima possibilidade de politizar o cidadão. Por pior que seja, a aparição dos candidatos nos canais de exibição, incluindo a internet, ainda tem muita utilidade. Se ele é combativo, é possível perceber; se ele é pouco fluente no idioma, não tem como esconder; se ele economiza sinapses, pode não agradar alguns.

Enfim, feio ou bonito, simpático ou repulsivo, a visualização dos pretendentes a representantes do povo tem utilidade. Não é necessária uma super exposição, naturalmente, mas os rápidos 30 segundos são suficientes para contar qualquer história, verdadeira ou não.

Os descontentes atacados têm dois caminhos: ou produzem as suas mensagens rebatendo acusações e convencem o público, ou recorrem à Justiça e pedem a suspensão e punição dos acusadores. Mas devem ter em mente que a política é cruel. Especialmente quando o tempo na TV é curto e só é possível dizer meias verdades. E não adianta afirmar que ali foram ditas meias mentiras porque o estrago já foi feito. Romero

Jucá e Ronaldo Caiado não encontraram a solução. Melhor deixar como está. Por enquanto é diversão, cara para o contribuinte, mas é. Senadores, respeitem o povo…


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