10/10/2017 às 06h17min - Atualizada em 10/10/2017 às 06h17min

PDT deve anunciar desembarque da base de Rollemberg nesta terça-feira

Governador do Distrito Federal, no entanto, diz não ver motivo para decisão da Executiva Regional

"Não temos espaço para debater e, por isso, perdemos o sentimento de pertencimento. O papel do governante é conversar e mediar, não apenas convencer", Joe Valle (PDT), presidente da Câmara Legislativa
Após semanas de trocas de farpas, a Executiva Regional do PDT deve desembarcar, hoje à noite, da base aliada ao Palácio do Buriti. De olho nas eleições de 2018 e em busca de maior independência nos debates, a tendência é de que a sigla coloque os cargos preenchidos por indicações à disposição do governador Rodrigo Rollemberg (PSB).
Frente a ofensiva, o chefe do Executivo local adiantou que, caso a possibilidade seja concretizada, vai respeitar a decisão da legenda e exonerar todos os comissionados apontados pelos pedetistas. “Não vejo motivos para o PDT deixar o governo. Temos alguma política que contraria os princípios do partido? O governo, por acaso, é desonesto?”, questiona o governador. “Mas se o partido entregar os cargos, vou aceitar”, afirma.
 
O PDT mantém comissionados nas secretarias de Desenvolvimento Social, Trabalho, Igualdade Racial, Mulheres e Direitos Humanos (Sedestmidh), de Educação e de Agricultura. Há indicações, ainda, no comando das Centrais de Abastecimento do DF (Ceasa) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater).
 
Apesar do número de cargos no Executivo local, apenas neste ano, o PDT se posicionou de maneira contrária a duas propostas consideradas prioritárias pelo Palácio do Buriti — a que instaura o Instituto Hospital de Base (IHBDF) e a reforma da Previdência, cujo texto unifica os fundos de contribuição da capital e implementa o regime complementar. “Não dá para o PDT ocupar espaços importantes e generosos do governo e fazer oposição. Não dá para ser aliado pela metade”, alfineta Rollemberg.
 
A relação entre PDT e PSB está fragilizada desde o fim de 2016, quando o governador decidiu apoiar a candidatura de Agaciel Maia (PR) à Presidência da Câmara Legislativa, em vez da de Joe Valle (PDT). A contragosto do chefe do Palácio do Buriti, o pedetista venceu o pleito com base em critérios de desempate e levantou a bandeira de um mandato “desprovido de oposição sistemática ao governo, mas sem subserviência”.
 

Ruptura

Presidente do Legislativo local, Joe Valle defende o posicionamento independente da sigla, uma vez que, segundo o pedetista, “falta diálogo para governar”. Contudo, ele garante que não realizará “oposição sistemática”. “Não temos espaço para debater e, por isso, perdemos o sentimento de pertencimento. O papel do governante é conversar e mediar, não apenas convencer. Ainda assim, continuarei a votar os projetos importantes para Brasília”, apontou. Sobre a possibilidade de exonerações, o parlamentar é enfático: “Colocamos pessoas qualificadas, escolhidas por critérios exclusivamente técnicos, nos cargos. Mas, a caneta é do governador”, pontuou.
 

O iminente rompimento, porém, não é suficiente para alguns integrantes do PDT. Distrital e primeiro vice-presidente regional da sigla, Reginaldo Veras proporá a oposição do partido à gestão de Rodrigo Rollemberg. O parlamentar afastou-se totalmente do Palácio do Buriti quando, após se posicionar contra a reforma da Previdência do DF, o governador exonerou dezenas de indicações dele à Secretaria de Trabalho e nomeou, no lugar, pessoas escolhidas por Bispo Renato Andrade (PR) — voto favorável à proposição.
 
 
Outro agravante é o fato de pedetistas deixarem claro que não estarão ao lado do governador no pleito de 2018. A Executiva Regional da legenda chegou a abrir portas para que Jofran Frejat (PR) filie-se ao partido e concorra ao Palácio do Buriti. “Se o PDT tem o projeto que afirma ter, chega a ser inescrupuloso trabalhar no lançamento de um candidato e continuar no governo. Até porque, quem mantiver relações com o Rodrigo Rollemberg vai minimizar as próprias viabilidades eleitorais”, atacou Reginaldo Veras, referindo-se à possibilidade do correligionário Joe Valle disputar um cargo majoritário.

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