12/10/2017 às 11h51min - Atualizada em 12/10/2017 às 11h51min

MP e Polícia Civil investigam Bispo Renato por lavagem de dinheiro

Exoneração do motorista

Ana Maria Campos
Eixo Capaital

Depois da abertura de investigação contra a deputada Celina Leão (PPS) por suposto vazamento de informações da Defensoria Pública do DF, outro réu da Operação Drácon vira alvo de inquérito aberto pela Delegacia de Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Decap) a pedido da Procuradoria-geral de Justiça do DF. Desde 22 de setembro, o deputado Bispo Renato (PR) é investigado por indícios de participação em crime de lavagem de dinheiro e ocultação de capitais. A suspeita teve início quando a Delegacia de Combate a Roubos e Furtos (DRF) prendeu cinco ladrões em flagrante durante roubo à casa de um assessor do deputado, Márcio Xavier do Nascimento. A quadrilha foi impedida pelos policiais de concluir o assalto e, ao prestarem depoimento, os criminosos contaram que pretendiam roubar R$ 200 mil em espécie. O dinheiro seria proveniente de suposta propina do deputado Bispo Renato. Eles disseram que a informação chegou ao grupo por intermédio de um motorista do distrital, Eriquisson Cláudio da Silva Soares. Com medo de operações como a Lava-Jato, com busca e apreensão, o distrital teria escondido o dinheiro na casa do assessor, segundo esse relato.

 

Exoneração do motorista

 

Funcionário com cargo comissionado no gabinete do deputado Bispo Renato (PR), Eriquisson Cláudio da Silva Soares foi exonerado em 8 de junho, seis dias depois dos depoimentos registrados na Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF). Eriquisson estava preso preventivamente desde então, mas teve o alvará de soltura expedido ontem, com a condição de se apresentar a todas as convocações do processo, além de não se ausentar do DF por mais de oito dias sem comunicar à Justiça. O advogado do distrital, Bernardo Fenelon, disse à coluna que o desligamento do funcionário ocorreu em decorrência da citação do nome dele nesse episódio. Sobre o inquérito aberto pela Decap, Fenelon afirmou que não poderia se manifestar porque não havia ainda tomado conhecimento da investigação contra Bispo Renato.

 

Possível relação com a Drácon

 

Por causa dos depoimentos dos ladrões presos em flagrante, o caso foi enviado pelo delegado Fernando Cesar Costa, titular da DRF, à Decap, delegacia que tem a competência para investigar indícios de crimes de corrupção envolvendo agentes públicos. Agora, a Polícia Civil e o Ministério Público apuram se esse dinheiro tem alguma relação com a denúncia de que o deputado Bispo Renato e outros quatro distritais cobraram propina para aprovar uma emenda parlamentar destinada a repassar sobras orçamentárias a empresas prestadoras de serviço de UTI. Uma das medidas determinadas pelo delegado Jonas Bessa de Paula, da Decap, foi a requisição de cópia integral do inquérito civil público em curso na 1ª Prosus (Promotoria de Defesa dos Serviços de Saúde) sob a responsabilidade do promotor Jairo Bisol, que trata da emenda parlamentar para empresas de saúde. O objetivo é avaliar possível relação entre as investigações.

 

DP Gate

 

Muita gente tem chamado o inquérito relacionado ao suposto vazamento de informações relacionadas ao defensor público André de Moura Soares que teriam sido passados à deputada Celina Leão (PPS) de “DP Gate”.

 

Fake news nas eleições de 2018

 

Gente da área de investigação do MP aposta que a próxima eleição do Distrito Federal será marcada pelos ataques virtuais com um exército de perfis fakes para disseminação de notícias também falsas. A ideia é espalhar versões que podem comprometer a imagem dos adversários nas redes sociais. Situações que, muitas vezes, até serem combatidas, já terão causado um estrago e tanto. Esse batalhão de produtores de notícias muitas vezes vai agir de longe, em outra cidade, o que pode dificultar uma investigação de autoridades públicas. O fenômeno ocorreu nas eleições americanas, na disputa entre Hillary Clinton e o presidente Donald Trump. As chamadas fake news nas redes sociais tiveram milhões de compartilhamentos. O Ministério Público está de olho na formação dessas redes no DF.


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