22/10/2017 às 08h49min - Atualizada em 22/10/2017 às 08h49min

Acusado de corrupção e sem popularidade, por que Temer ainda é presidente do Brasil?

Jornal britânico diz que escândalos minam democracia

Por Jornal do Brasi

Se o recente declínio do Brasil pudesse ser mensurado pela queda da popularidade de seus presidentes, Michel Temer representaria o fundo do poço. Assim começa a matéria publicada nesta quarta-feira (18) pelo jornal britânico The Guardian.

Em 2010, Luiz Inácio Lula da Silva terminou seu segundo mandato com uma classificação de aprovação de 80%. Em março de 2016 Dilma Rousseff tinha uma classificação de 10%, lembra o diário.

No mês passado, o governo de Temer, mergulhou em 3% em uma pesquisa. Entre os menores de 24 anos, a aprovação de Temer atingiu zero, acrescenta.

Temer foi acusado de corrupção e obstrução da justiça. No entanto, não houve nenhum dos imensos protestos de rua que aconteceram contra a corrupção e ajudaram a impulsionar o impeachment de Dilma, aponta Guardian.

E, ao contrário de Dilma, Temer manteve o apoio dos mercados financeiros que gostam das medidas de austeridade que ele introduziu, como a privatização dos serviços governamentais, um limite de 20 anos nas despesas e uma revisão planejada das pensões.

Os críticos dizem que as medidas de austeridade de Temer prejudicam os pobres mais do que os ricos. De acordo com uma pesquisa da Oxfam Brasil, os brasileiros mais ricos pagam proporcionalmente menos impostos do que as classes pobres e médias e os 5% mais ricos ganham o mesmo que o resto da população juntos. No entanto, a maior taxa de imposto de renda é de apenas 27,5%, destaca o periódico.

"Temer parece ser capaz de sobreviver a esta última crise mas a confiança nos líderes políticos do Brasil foi drasticamente minada. Essa falta de confiança alimenta o apoio a uma solução autoritária para a crise - o que poderia ter sérias conseqüências nas eleições presidenciais do próximo ano".

The Guardian ressalta que a desilusão do povo brasileiro com a classe política está abrindo uma lacuna perigosa para populistas e extremistas nas eleições presidenciais do próximo ano.

Um provável candidato da direita é João Doria, o extravagante e multimilionário prefeito de São Paulo. Como Donald Trump, ele é um ex-apresentador da versão brasileira do programa de TV The Apprentice, assumiu o poder em janeiro passado e não possui experiência administrativa.

Correndo em segundo lugar em muitos cenários de votação é Jair Bolsonaro, um ex-capitão do exército, cuja mensagem de extrema-direita, autoritária, seduz aqueles que estão bravos com a corrupção, bem como os eleitores petrificados pelo crescente nível de crimes violentos do Brasil.

E ele goza do apoio de um número crescente que argumenta que as forças armadas do Brasil devem intervir - como fizeram em 1964, quando instalaram uma ditadura viciosa que durou 21 anos - uma opção apoiada em 43%, de acordo com uma pesquisa on-line feita em setembro.

Guardian lembra que em setembro, o general de exército Antonio Mourão assustou muitos quando disse que, em sua opinião, se as instituições do Brasil não pudessem remover os envolvidos em atos ilícitos da vida pública, "teremos que impor isso".

Bolsonaro o defendeu. "A democracia não é feita comprando votos ou aceitando corrupção para governabilidade", ele pediu para 602,000 seguidores.

"Reagir a isso é a obrigação de qualquer civil ou SOLDADO".


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