26/10/2017 às 07h30min - Atualizada em 26/10/2017 às 07h30min

Jovem conhecida como ‘rainha dos golpes’ é solta

Jbr
Mesmo com quatro processos nas costas, mais de 20 vítimas e uma condenação por estelionato, Larissa Borges da Silva, 29, passou pouco mais de três meses na cadeia e já está solta. O alvará de soltura foi expedido na última segunda-feira pelo juiz Osvaldo Tovani, da 8ª Vara Criminal de Brasília, para a mulher que aplicou diversos golpes em apenas oito meses vivendo em Brasília.

Conhecida como “rainha dos golpes”, Larissa utilizava a beleza e a destreza nas palavras para tirar proveito de suas vítimas. A tranquilidade dela acabou após dois meses de investigações da Polícia Civil do DF, que a prendeu em flagrante dia 20 de julho deste ano, após novo golpe em uma loja de alimentação fitness na 105 Sul.

Livre, a jovem voltou a morar com os pais em Goiânia, sua cidade natal, mas ainda tem muito o que responder à Justiça brasiliense. A decisão se refere a apenas um dos processos. Existem mais dois tramitando, além de um terceiro que aguarda a denúncia do Ministério Público, envolvendo outros nove estelionatos e uma ameaça.

No processo em que ela foi beneficiada com a liberdade, o juiz imputou pena de um ano e oito meses, em regime inicial aberto. Como o crime de estelionato varia de um a cinco anos, o magistrado decidiu dar a pena mais leve – de um ano – com agravante por ter acontecido diversas vezes, de 2/3 da pena mínima – oito meses.

Para o especialista em Direito Constitucional Gustavo Dantas, a pena pode parecer pequena, mas se baseou no artigo 71 do Código Penal, que aborda o crime continuado: mesmo com várias vítimas, o juiz pode considerar que houve apenas um delito, e não somar as penas separadas.

Novo inquérito traz mais 9 crimes e uma tentativa

Para o delegado que cuidou das investigações e prendeu a condenada, o sentimento é de frustração. João Ataliba Nogueira, da 1ª DP (Asa Sul), considera a pena foi muito branda para uma pessoa que cometeu essa quantidade de crimes em tão pouco tempo. Ele acredita que esses três meses de prisão não devem ter surtido efeito corretivo.

Além disso, o delegado analisa que os crimes não deveriam ter sido julgados de forma continuada, mas individualmente, já que tinham modus operandi diferentes e foram cometidos contra pessoas que nem moravam na mesma cidade. A 1ª DP entregou neste mês um outro inquérito policial à Justiça e espera que haja denúncia do MPDFT o mais rápido possivel. Neste, a jovem foi indiciada por nove estelionatos e uma ameaça. Esses novos casos apareceram no decorrer das investigações e após a prisão da mulher.

Ataliba prevê que, com a denunciada solta, novos crimes serão cometidos. “Ela não tem atividade lícita. Não trabalha e quer continuar com atividades de luxo. O único caminho são os golpes. Pode ser até que ela faça de uma outra forma, porque foi muito exposta”, afirma, ao destacar que “ela não deveria estar livre na sociedade”.


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