A Polícia Federal informou, no início da madrugada deste sábado (19), que o advogado Rodrigo Tacla Duran, alvo da Operação Lava Jato que estava foragido, foi preso em Madri na sexta-feira (18) por autoridades policiais espanholas. Com dupla cidadania (brasileira e espanhola), Duran integrava a Lista Vermelha de procurados da Polícia Internacional (Interpol).
Alvo da 36ª fase da Operação Lava Jato, Duran trabalhou no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, chamado pelo Ministério Público Federal (MPF) de "Setor de Propinas". Ele teria operado pelo menos 12 contas no exterior.
A operação deflagrada em 10 de novembro teve como outro alvo Adir Assad, apontado como operador da Delta Engenharia e de outras construtoras. Assad foi preso, mas Duran se encontrava no exterior. Segundo a força-tarefa, os dois foram responsáveis pela lavagem de cerca de R$ 50 milhões.
Até então, os investigadores tinham conhecimento apenas da atuação de Duran em transações envolvendo as contras secretas da Odebrecht. Com a quebra de sigilo de construtoras investigadas pela Lava Jato, a força-tarefa descobriu que duas empresas de Duran foram beneficiárias de pagamentos milionários. Ele recebeu, por exemplo, um total R$ 36 milhões de empreiteiras como a UTC, Mendes Júnior e EIT. Só da Mendes Júnior, o escritório Tacla Duran Sociedade de Advogados, entre 2011 e 2013, recebeu R$ 25 milhões. Da UTC foram R$ 9 milhões e da EIT outros R$ 2 milhões.
A Treviso, de Julio Camargo, operador da Toyo Setal e atualmente delator, repassou R$ 350 mil para o escritório do advogado. Por sua vez, outra empresa de Tacla Duran, a Econocell do Brasil, repassou R$ 3,5 milhões para empresas de Assad.
Duran estava nos Estados Unidos e foi, na sequência, para a Espanha, onde o operador tem nacionalidade. Investigadores acreditam que Duran deixou os EUA temendo ser detido em solo americano e extraditado ao Brasil. Para a Justiça, sua prisão na Espanha promete se transformar em um desafio legal, já que ele poderá usar seu passaporte estrangeiro para tentar permanecer na Europa e evitar extradição.
O advogado foi citado na delação de Vinicius Veiga Borin - executivo dos bancos Antigua Overseas Bank (AOB) e Mein Bank - como um dos responsáveis por criar e operar offshores da Odebrecht. De acordo com Borin, Duran era responsável por um grupo de offshores utilizadas para operacionalizar os pagamentos efetuados pela central de propinas da Odebrecht, segundo os investigadores da Lava Jato.