24/11/2017 às 07h18min - Atualizada em 24/11/2017 às 07h18min

Wilmar Lacerda vira alvo de CPI do Senado por favorecer prostituição

Membro da CPI dos Maus-Tratos pede íntegra do inquérito. Político é investigado por fazer sexo com adolescente, aliciada como prostituta

Metrópoles

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos, do Senado Federal, vai investigar a denúncia de favorecimento da prostituição de menores contra Wilmar Lacerda (PT), suplente do senador Cristovam Buarque (PPS-DF). Na terça-feira (21/11), o parlamentar José Medeiros (PSD-MT), membro da CPI, apresentou requerimento pedindo a íntegra do inquérito policial que indiciou Lacerda pelo crime.

 

“Considerando o trabalho a ser desenvolvido para investigar as irregularidades e os crimes relacionados aos maus-tratos a crianças e adolescentes no país, requeiro que esta comissão parlamentar de inquérito solicite, à Vara Criminal de Planaltina (DF), cópia da íntegra do Inquérito Policial n° 1.061/2017”, afirma o requerimento.

 

À reportagem, o senador José Medeiros afirmou que o objetivo do pedido é averiguar a veracidade da denúncia, revelada pelo Metrópoles. “Ficamos sabendo do episódio por meio da imprensa. A história se transformou em um disse me disse e queremos entender o que é verdade e o que é boato”, explica.

Chefe de gabinete da liderança do Partido dos Trabalhadores no Senado, Wilmar Lacerda é acusado de manter encontros sexuais com uma jovem de 17 anos, moradora de Planaltina, em troca de lanches. O petista assumiria o mandato de senador da República em 1º de dezembro, quando o titular, Cristovam Buarque, se licenciaria para fazer pré-campanha pelo Brasil. Com a repercussão do caso, no entanto, o senador suspendeu a cessão do cargo.

 

Encontros

Nesta semana, a Polícia Civil indiciou Lacerda por favorecimento da prostituição de menor. Em depoimento a investigadores da 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), que investiga o caso, a jovem afirmou que o primeiro encontro com o petista ocorreu em um bar da Quadra 5 da cidade. Em outro, os dois teriam almoçado no Torre de Pisa, no Shopping Conjunto Nacional. O restaurante é especializado em doces e salgados, mas também vende comida a quilo.

 

Após a refeição, o petista teria convidado a jovem para o apartamento dele, ocasião em que aconteceu a primeira relação sexual entre os dois. A menina teria sido aliciada por uma mulher de Planaltina conhecida como Rebeca. Apesar das promessas da cafetina de que seria bem remunerada, segundo relato da adolescente, Wilmar se recusava a lhe dar dinheiro.

 

“A declarante manteve relação sexual com Wilmar Lacerda por cinco vezes, o qual nunca pagou em espécie, pois dizia que não tinha dinheiro, mas sempre pagava um lanche”, consta em um dos trechos do boletim policial.

 

Sexo sem camisinha

A garota disse ainda que, apesar de ter pedido, o petista não utilizava preservativos durante as relações sexuais. “Recorda que Wilmar não gostava de usar preservativo e dizia que não havia risco de a declarante engravidar, pois havia feito um procedimento de retirada de sêmen e guardado em uma clínica”, descreve a jovem no boletim de ocorrência.

 

A versão foi corroborada pela mãe da adolescente, que afirmou não ter aprovado o relacionamento dos dois. “Depois que a apertei, ela confessou que saía com ele [Wilmar Lacerda] porque podia comer em restaurantes. Aqui em casa, às vezes, não tinha o básico para almoçar”, disse a mulher, que está desempregada e é mãe de seis filhos.

 

A ocorrência ainda cita outros quatro homens que também teriam pago para fazer sexo com a menina. A pena prevista para o crime de favorecimento da prostituição de menores varia entre quatro e dez anos de reclusão.

 

Outro lado

Após a divulgação do caso, Wilmar Lacerda confirmou o envolvimento com a jovem e disse se tratar de um “relacionamento normal”. “Não ocorria às escondidas ou por meio de pagamento de qualquer espécie”, afirmou o político, que é casado.

 

Para Wilmar Lacerda, “é estranho” o registro policial ter sido feito somente agora, um ano depois do caso, quando ele assumiria o cargo público de senador. Ainda segundo o petista, “os chamados ‘lanches’ eram nada mais do que refeições em locais públicos, como restaurantes e shopping”.

 

Wilmar Lacerda não atendeu às ligações da reportagem nesta quarta-feira (22) para comentar o procedimento na CPI dos Maus-Tratos.


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