O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) criticou nesta quarta-feira, 22, a forma como o seu partido, o PPS, vem negociando a filiação do apresentador de TV Luciano Huck, que disputaria a Presidência da República pela sigla. O senador, que também tem intenção de se lançar ao Palácio do Planalto, reprovou ainda a sanha do partido em abrigar um candidato apenas pelo seu potencial de votos.
“Partido não pode escolher um nome só porque ele tem mais voto. Se for assim, não deveríamos ter candidato e ir direto apoiar o Lula ou o Bolsonaro”, ironizou o senador.
Cristovam salientou que considera positiva a aproximação de Huck com o PPS. “Fico emocionado quando vejo uma pessoa realizada financeiramente e profissionalmente, no tempo em que todo mundo foge de política, querer vir para um partido fazer política”, disse ao Estadão/Broadcast. “Agora, não me sensibiliza ele vir sob a condição de ser candidato a presidente. Acho muito ruim. Acho que ele devia vir disputar com os outros”, afirmou.
De acordo com o senador, as negociações entre Huck e o PPS estão concentradas, até o momento, em Roberto Freire, presidente da sigla, e no ministro da Defesa, Raul Jungmann, sem maior consulta ao partido. “Quero que eles abram o processo de escolha”, afirmou.
Cristovam também criticou a possibilidade de o PPS passar a se chamar Agora!, nome do movimento de ativistas e acadêmicos que defende a renovação política e do qual Huck faz parte. “Se for isso, acho um erro escandaloso. Não existe partido Agora!. Partido é para pensar o futuro”, afirmou. “Passaria a ideia de que isso seria uma imposição do Huck. Não fica bem impor até a mudança de nome. O próximo passo seria eles decidirem quem deve ser expulso.”
Para o senador, o processo e a escolha do candidato à Presidência pelo PPS deveria passar por uma consulta ao partido para mostrar “quem tem a melhor proposta, quem tem tradição e, por último, quem tem mais votos”. “Além disso, de onde se tirou que Huck tem voto?”, questionou Cristovam. “Acho que ele tem popularidade, mas popularidade não é sinônimo de voto. Para ser popular, não precisa disputar um debate, mostrar o que pensa. Se fosse por popularidade, poderíamos chamar o Neymar, eleger o Pelé.”
Licença. Nesta quarta-feira, Cristovam anunciou que não vai mais se licenciar do cargo de senador. Inicialmente, a intenção era se afastar do Senado por quatro meses e iniciar a campanha como pré-candidato do PPS à Presidência. No entanto, o plano foi adiado porque seu suplente, Wilmar Lacerda (PT), foi acusado de envolvimento com uma adolescente de 17 anos. Segundo Cristovam, o afastamento está adiado até que sejam esclarecidas as denúncias.