O presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), disse que a fila anda para quem quer governar o DF, e ele com certeza está nela. O deputado distrital reconhece, no entanto, a prioridade para a candidatura de Jofran Frejat(PR) e para a tentativa de reeleição de Rodrigo Rollemberg (PSB) em 2018.
“Há mais gente na minha frente. Existe uma escadinha, cujo próximo degrau é ser deputado federal, depois senador”, amenizou, sem cravar, no entanto, se sairia candidato a qualquer um desses cargos no próximo ano.
A fala aconteceu durante uma coletiva de imprensa convocada, na tarde de ontem, para ele mostrar os dados positivos de seu primeiro ano à frente da Casa. Ele exaltou metas cumpridas, como a redução de mais de R$ 1,4 milhão em despesas da Casa e o aumento da participação popular – foram cerca de 60 mil visitantes este ano – , mas não demorou muito para criticar o governo Rollemberg e a responder perguntas sobre sua vontade de se tornar chefe do Executivo.
“Se o Reguffe (sem partido) decidisse tentar o governo, eu votaria nele. No Cristóvam (PPS) também”, despistou. Joe havia afirmado em outras ocasiões estar mais preocupado em fazer uma boa gestão na Câmara, portanto foi uma das raras vezes em que ele admitiu a vontade de sentar na cadeira do Buriti.
Quem avisa amigo é
O presidente da Câmara revelou que saiu da base após seu partido entregar, em 2015, um documento com 65 metas a serem alcançadas por Rollemberg em 20 meses. Segundo ele, caso pelo menos 50% delas não fossem cumpridas, o PDT desembarcaria do governo, e foi o que aconteceu em outubro deste ano.
Reguffe, à época ainda no PDT, quis declarar independência antes mesmo da entrega do documento, mas Joe preferiu dar o prazo de 20 meses para “ser mais justo” e tentar justificar o apoio dado no período eleitoral por ele e por toda a legenda. “Quando eu entreguei, o Rodrigo ainda falou: ‘ah, mas é o plano de governo’. E era isso mesmo, o plano que, inclusive, eu ajudei a eleger”, comentou o deputado.
Ele mostrou um arquivo de seu celular em que somente um dos pontos foi cumprido, enquanto outros 30 teriam sido realizados apenas parcialmente, e se mostrou magoado com o governador, por, muitas vezes, ter negligenciado sua ajuda. “Eu me predispus a deixar um mandato estável para ajudar ele diretamente, quando sua aprovação era de 7%”, reclamou, em relação ao período entre outubro de 2015 e julho de 2016, quando assumiu a supersecretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.
Escada rolante
Para as eleições de outubro de 2018, o PDT deve se posicionar ao centro e coligar com o PPS de Celina Leão, Raimundo Ribeiro e Cristóvam Buarque e até com o PR de Agaciel Maia, atual líder do Governo na Câmara, de Jofran Frejat e de Laerte Bessa. Isso, lógico, caso Joe não pule alguns degraus daquela escadinha e forme candidatura própria ao Buriti, como vários colegas de partido desejam.
Ele insiste: não é um puxadinho
Ao tratar do seu desempenho na Câmara, Joe Valle revelou as medidas de austeridade implantadas, dentre ela a redução de 88% do orçamento com cartas. De R$ 712 mil gastos com o item em 2016, o valor caiu para R$ 83 mil este ano. A despesa que mais aumentou foi com apoio administrativo e operacional, em quase R$ 300 mil, mas, mesmo assim, a Casa reduziu em R$ 1,4 milhão suas despesas, que somaram R$ 13,6 milhões em 2017.
O presidente preferiu não comparar sua política de contenção de gastos com a gestão anterior, de Celina Leão (PPS). “Cada gestor tem uma característica. Ela teve outras prioridades interessantes, que inclusive deram mais autonomia a essa Casa”, elogiou.
Esse aspecto, inclusive, foi muito valorizado por ele durante a coletiva. Desde a confusão na votação de uma emenda ao Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2018, Joe vem dizendo que a Câmara “não é um puxadinho do Buriti” e tem mandado recados a Rollemberg para ele não tentar “passar o trator”.
Outro aspecto exaltado foi a devolução de R$ 80 milhões ao Buriti, referentes à parte não utilizada do orçamento de R$ 524 milhões da Casa. O deputado deu a entender que fez o que Rollemberg não conseguiu e não hesitou em chamar o governo de desorganizado.