Os trabalhadores do sistema socioeducativo do Distrito Federal temem por uma virada de ano manchada por violência. Isso porque um agente da Unidade de Internação de São Sebastião (Uiss) interceptou, na terça-feira (26/12), uma carta com suposto plano de fuga e assassinato de agentes, escrita por um menor do local.
Segundo o Sindicato dos Servidores da Carreira Socioeducativa do Distrito Federal (Sindsse-DF), o manuscrito é verídico e teria sido encontrado durante revista de rotina. Ainda de acordo com a entidade, o autor mandaria o texto a comparsas, por meio de um parente, durante visita.
A carta data da véspera de Natal. O texto apresenta diversos erros gramaticais. Nele, o autor diz: “Nós está tentando fugir. Ver se o senhor não coloca uns menor pra resgatar nós os agentes que faz a escolta anda sem arma aí nós ia para DCA [Delegacia da Criança e do Adolescente]. Aí os menor ia ficar de campana lá na frente e iria ver nós chegando lá (sic)”.
Na carta, o interno demonstra ainda mais audácia no plano escrito. “Na volta eles batia no carro e agente ia para os cara rendia aí nós já sequestrava os agente e matava (sic)”, prossegue. Outro trecho do manuscrito diz “nós está planejando a fuga (sic)” e “já tem uns tempo esse jeito é mais fácil nós só precisa de 3 menor e 2 pistola (sic)”. E finaliza: “Nós está com canal das mansão para roubar (sic)”.
Um agente socioeducativo que não quis se identificar afirmou que a carta expõe o risco de incidentes violentos, intensificado a cada fim de ano. “Convivemos com o medo diariamente. Muitos internos têm direito do ‘saidão de Natal’ negado e, por isso, ficam mais revoltados”, explica.
Histórico Em reportagem do Metrópoles publicada em novembro, agentes alertaram sobre o aumento do risco de rebeliões neste fim de ano. Eles denunciaram as mazelas do sistema, como falta de efetivo, itens de proteção pessoal e de higiene.
Além disso, três agentes socioeducativos foram atacados por um jovem em outubro, na Unidade de Internação do Recanto das Emas (Unire).
Um dos servidores sofreu um corte na testa, após ser atingido com um pedaço de ferro, e, por pouco, não teve o crânio perfurado. No momento da agressão, apenas dois agentes socioeducativos cuidavam dos 50 jovens.