Com as incertezas que dominam o cenário da sucessão presidencial, não está afastada a possibilidade de ainda surgir um candidato “salvador da Pátria”. Ou ressurgir um nome que chegou a ocupar as manchetes no final do ano passado e saiu de fininho.
Esse nome a ser ressuscitado – ao menos o mais cogitado por algumas lideranças políticas – é o do apresentador de televisão Luciano Huck. Ele tem dito que está fora dessa “guerra”. Mas como no Brasil tudo em política é muito dinâmico, a bússola costuma mudar de direção ao sabor dos acontecimentos.
Até abril, tudo pode acontecer.
O certo é que com a decisão do TRF-4 de tornar inelegível o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o cenário da sucessão presidencial embaralhou mais ainda. Levou os partidos políticos a buscarem novas estratégias para definirem seus próprios rumos, ao tratar das eleições gerais de outubro. O PT acabou perdendo com essa mudança, devido ao esvaziamento da candidatura do Lula pelo menos no atual momento.
Diante de tantas incertezas e precauções no cenário político nacional, o clima ficou mais tenso, o que se estenderá até 7 de abril, certamente. Nesse dia encerra-se o prazo para filiações e o troca-troca de partidos. Isso ditará a capacidade de atuação nas eleições das 34 legendas legalizadas junto à Justiça Eleitoral.
Até lá, acontecerá um desfile de ações e de intensas negociações para a escolha dos candidatos a participar das eleições, principalmente os nomes que estarão na corrida presidencial. Ocorrerá um enorme interesse na indicação dos candidatos à Câmara dos Deputados. É que, a partir de 2019, só terão acesso ao Fundo Partidário e aos programas gratuitos de televisão e rádio, as legendas que conseguirem eleger pelo menos nove deputados país afora.
Como uma fera ferida, o Diretório Nacional do PT partiu para o confronto com a Justiça Federal de primeira e segunda instância, no dia seguinte à decisão histórica de Porto Alegre. Para os caciques petistas, juízes e desembargadores federais são adversários e decidiram fazer de tudo para impedir a volta de Lula ao Palácio do Planalto.
O Diretório oficializou o lançamento de Lula como pré-candidato. Agiram assim mesmo sabendo que, hoje, a principal preocupação é evitar que Lula seja levado para a prisão para cumprir, em regime fechado, a pena de 12 anos que lhe foi imposta pelo TRF-4.
As manobras dos petistas serão feitas junto ao Supremo Tribunal federal, Superior Tribunal de Justiça e ao Tribunal Superior Eleitoral. A “guerra” será para anular a ordem de prisão, que deverá sair nos próximos dois meses e será mais desgastante do que a própria campanha.
Os tradicionais apoiadores do PT – PDT, PCdoB e PSol – se solidarizaram com as agruras enfrentadas por Lula, mas optaram por procurar rumos próprios na corrida presidencial.
O PDT anunciou que terá Ciro Gomes como seu pré- candidato presidencial. O ex-governador do Ceará, ministro do governo Lula, tentará pela terceira vez chegar ao Palácio do Planalto, pela via dos votos. Ciro Gomes sonha ter apoio do PT, caso se inviabilize de vez a candidatura de Lula.
O PCdoB oficializou como pré-candidata presidencial a ex-deputada federal e atual deputada estadual no Rio Grande do Sul, Manuela D’ Ávila. Ela inclusive já está participando de comícios pelo país afora.
O PSol, que tem atuado como um puxadinho do PT, também decidiu lançar como pré-candidato o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, um ativista da esquerda radical.
Se de fato for consumada a saída de Lula da disputa presidencial, crescem as chances de um candidato do centro chegar ao Palácio do Planalto. Os nomes hoje com possibilidades de vir a ser o contemplado são o governador Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles e o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia. Por incrível que pareça, o presidente Michel Temer aspira entrar nessa lista.
Inviabilizada a candidatura Lula, Marina Silva é apontada como a principal herdeira dos votos dele. Marina será candidata pela terceira vez e sua candidatura será bancada pela Rede Sustentabilidade, legenda da qual é fundadora. Nas pesquisas realizadas até agora, ela aparece com 12% das intenções de votos, atrás de Lula e Jair Bolsonaro.
O deputado federal Jair Bolsonaro hoje disputa a preferência de votos com o ex-presidente Lula. Sua boa avaliação decorre do fato dele ter se apresentado como adversário ferrenho de Lula. A tendência é que ele caia nas pesquisas caso Lula seja defenestrado da corrida ao Palácio do Planalto.
Quem apareceu na semana passada dizendo que quer ser presidente de novo foi o senador Fernando Collor de Mello. Afirmou estar convicto de que o eleitorado brasileiro consertará o erro do Congresso Nacional de 1998, quando cassou seu mandato de presidente por corrupção. Essa atitude de Fernando Collor resulta da balburdia em que se transformou a sucessão presidencial.
Outro postulante à Presidência é o senador Álvaro Dias. Deixou o PSDB alegando que lhe foi negada a chance de ser candidato dos tucanos. Hoje está filiado à recém-criada legenda Podemos. Ele já viaja pelo Brasil em busca de votos.
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, parece que alimenta o desejo de ser candidato presidencial. Foi sondado por liderança do PSB para disputar, mas continua na dúvida. Seu nome é bem aceito em setores da sociedade brasileira por sua atuação marcante no processo que culminou com as prisões de várias lideranças do PT, por roubalheira do dinheiro público, e deu início a esse movimento anticorrupção, hoje tão bem conduzido pela Lava-Jato.