05/02/2018 às 07h41min - Atualizada em 05/02/2018 às 07h41min

Chefe de quadrilha que explodia caixas eletrônicos é preso pelo mesmo crime

Primeira detenção aconteceu há dois anos. À época, acusado beneficiou-se ao entregar os comparsas

Correioweb
Os ataques a caixas eletrônicos no Distrito Federal ganharam mais um capítulo com a prisão de um dos principais líderes dessa modalidade de crime. Nos últimos dois dias, policiais civis da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco), vinculada à Coordenação de Combate ao Crime Organizado, contra a Administração Pública e a Ordem Tributária (Cecor), prenderam quatro suspeitos de tentar explodir o caixa eletrônico instalado dentro do supermercado de um shopping do Lago Sul. Um dos acusados, Thiago Vieira Souza, o Mineiro, havia sido preso pelo mesmo delito em 2015, na Operação Hostibus (inimigo, em latim), e foi beneficiado para responder ao processo em liberdade após delatar os comparsas.
As prisões ocorreram entre a noite de sexta-feira e a manhã de ontem, durante a Operação Riviera — em alusão à orla do Lago Sul. Thiago, que não participou diretamente da ação, segundo a polícia, negou envolvimento, mas o delegado responsável pela investigação, Fernando César Costa, chefe da Cecor, garantiu ter provas da participação dele no crime. A tentativa de explosão no centro comercial aconteceu em 27 de outubro de 2017. Os criminosos invadiram o supermercado e chegaram a instalar um explosivo, mas fugiram ao perceberem a aproximação de seguranças.
 
Um total de 50 homens das duas unidades policiais cumpriram os mandados de prisão em São Sebastião. Agentes surpreenderam Thiago na noite de sexta e, na manhã de ontem, Reinaldo Barbosa Vasconcelos e Ronaldo de Souza Santana. O quarto acusado, Valmir Silva Vieira, havia sido preso por roubo. Eles responderão por roubo qualificado, associação criminosa, posse de arma de uso restrito e receptação de veículo, pois a placa do Cruze usado no crime era clonada.
 
Com os suspeitos, os policiais apreenderam uma pistola calibre 9mm, com seletor de rajadas e poder de metralhadora, três carregadores, 123 projéteis e o Cruze. “É um trabalho de repressão qualificada. A Justiça precisa entender que eles são criminosos profissionais e precisam ficar encarcerados para deixar a cidade segura”, afirma Fernando César. O delegado também está preocupado com o andamento dos processos contra os criminosos presos. Sete ganharam o direito de responder em liberdade por delatarem comparsas, sendo que dois voltaram a cometer crimes e acabaram detidos, contando com Thiago. O receio de Fernando César é de que a liberação dos acusados crie precedentes, e eles se rearticulem.
 

Dificuldades

A prisão de Thiago não é o único vínculo com a operação de 2015. Mais uma vez, técnicos da Polícia Civil tiveram para periciar só os restos do explosivo usado na ação do supermercado. Isso porque homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar detonaram o explosivo com base em resolução válida no DF desde a Copa do Mundo.
 
Há dois anos, a norma também resultou em desentendimento entre a PM e a Polícia Civil, justamente porque os peritos queriam acesso aos explosivos intactos. Fernando César chegou a pedir apoio à Polícia Federal.
 

Memória

Seis meses de apuração
A Polícia Civil deflagrou a Operação Hostibus em 2015. Os trabalhos, divididos em várias fases, resultaram no cumprimento de 21 mandados de prisão e 26, de busca e apreensão em Samambaia, Ceilândia, Taguatinga, no Riacho Fundo e Recanto das Emas. As últimas prisões ocorreram em 25 de setembro daquele ano. Os ataques a caixas eletrônicos no Distrito Federal renderam R$ 1,5 milhão à quadrilha e, dos 31 crimes desse tipo ocorridos na capital à época, 22 são atribuídos ao grupo. As investigações duraram cerca de seis meses e descobriu-se que os explosivos usados nas ações eram trazidos da Bahia.

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