22/02/2018 às 07h42min - Atualizada em 22/02/2018 às 07h42min

Ex-distrital João de Deus é preso por associação criminosa

Jbr

Uma nova investigação foi aberta pelo Ministério Público de Goiás após o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em conjunto com a Polícia Civil, deflagrarem a operação batizada de “Cheque-Mate”, que resultou na prisão do ex-deputado João de Deus por associação criminosa. Durante todo o dia de ontem, o promotor da 4ª Promotoria, Rafael Simonetti, ouviu testemunhas do caso e, até agora, cerca de 15 pessoas foram lesadas no esquema de corrupção dentro da prefeitura de Água Fria de Goiás. Um desvio de recursos que ultrapassa os R$ 100 mil em cheques descontados.

O MP recebeu, em 2015, a denúncia de um servidor da prefeitura que foi pego na malha fina da Receita Federal por não pagar o imposto de renda. O problema era que o servidor, contratado para serviços braçais com salário de cerca de R$ 700 por mês, teria recebido R$ 70 mil em 12 meses.

Segundo Rafael, os servidores tinham os contratos fraudados com valores acima dos acordados para o pagamento. “Eles emitiam os cheques, iam eles mesmos sacar o valor e pagavam os funcionários. Sacavam, por exemplo, R$ 5 mil, mas só entregavam R$ 1 mil”, explica o promotor.

Em depoimento, João de Deus chegou a dizer que o dinheiro que sobrava era repassado a outros funcionários, mas ao ser questionado sobre as notas ou recibos, afirmou que “faziam na informalidade”.

O ex-distrital, dois ex-secretários de Finanças e um contador do município também foram presos por cinco dias. Com o desenrolar do caso e o aparecimento de pelo menos outras 14 vítimas, o MP dará andamento a nova investigação.

“Tudo será esclarecido”

João de Deus era alvo da Justiça desde o começo do mês. O mandado de prisão autorizado pelo juiz Carlos Gustavo Fernando de Morais, do Tribunal de Justiça da comarca de Planaltina, em Goiás, foi assinado em 7 de fevereiro. Apesar de ter como endereço a cidade de Água Fria, o ex-deputado foi preso em Brasília, em Taguatinga Norte.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de João de Deus. A filha do ex-deputado usou as redes sociais para dizer que “existe um processo a respeito de uns recibos de diaristas” e “que tudo será esclarecido.”

Cheques de uns foram para outros

João de Deus já está na cadeia pública de Planaltina, em uma cela improvisada. Ele e pelo menos outros três detentos na mesma situação estão em uma sala de estudos. Almoçou e jantou como os outros presos: arroz, feijão e carne. A reportagem apurou que ele não poderá receber comida diferenciada de fora da cadeia, sequer água poderá ser levada para o ex-deputado durante os dias que ficar preso.

Normalmente, durante uma investigação, os réus são chamados a depor por último. O promotor Rafael Simonetti explica que durante o período de oitiva das testemunhas, o MP teve acesso a documentos fraudados.

Tudo adulterado

Os cheques que foram usados no esquema de corrupção foram adulterados. “Eles tentaram modificar o nome do beneficiário”, contou o promotor.

A estratégia da quadrilha foi pegar os cheques na instituição bancária, tirar cópia e só depois alterar os nomes. Segundo Rafael, foi possível comprovar a fraude ao comparar as cópias falsas com as cópias de propriedade do banco. “Concluímos que a prefeitura, por meio do ex-prefeito, tinha nos encaminhado prova falsas”, disse Rafael.


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