“Está faltando bater na mesa. Está passando da hora de definirmos quem vai concorrer nas eleições”, afirma o senador Cristovam Buarque (PPS). Segundo o parlamentar, a frente alternativa composta por PPS, PDT, PSD e PCdoB precisa definir de imediato os nomes dos pré-candidatos para as chapas majoritárias. Para a missão de governador, Buarque aposta no presidente da Câmara Legislativa, o deputado distrital Joe Valle (PDT) e no ex-secretário de Saúde, Jofran Frejat (PR).
Na leitura de Buarque, Valle encarna uma mudança de conceito da esquerda e participa do PDT, uma legenda com tradição. Segundo o senador, este perfil tem alicerces na ética, respeito aos direitos das minorias, programas sociais com economia eficiente e responsabilidade fiscal, sem cair na defesa cega da estatização e do corporativismo.
“É possível uma economia ser eficiente e não servir ao povo, nas mãos da direita. Mas é impossível uma economia ineficiente servir ao povo, mesmo nas mãos da esquerda”, pondera. Buarque avalia positivamente a gestão de Valle na Câmara.
“Embora não simpatize com a palavra ressignificação, usada por Joe, admito que é uma ideia interessante para o Distrito Federal, para uma nova política e novas formas de relacionamento com sindicatos e políticos”, completa.
No caso de uma candidatura de Valle, o senador quer Frejat para o Senado Federal. “Mas não estou excluindo Frejat do governo” enfatiza. Na avaliação de Buarque, Frejat tem a postura da esquerda atualizada e de conceitos tradicionais.
“Frejat não tem a pintura. As cores. É uma questão de imagem. No conteúdo, cabe perfeitamente para a missão de governador”, pondera. Ao longo dos últimos meses Cristovam e Frejat se aproximaram muito, tanto no campo político, quanto pessoal.
“Somos sobreviventes de uma geração, em um DF que precisa de respostas. Não podemos errar. Nem nos afastando por preconceitos mútuos, nem nos abraçando sem respeito à opinião pública”, comenta. Neste sentido, Buarque descarta composições com forças da direita tradicional como o DEM, presidido regionalmente pelo deputado federal Alberto Fraga.
A aproximação é sepultada por bandeiras de Fraga, como o porte de armas, a redução da maioridade penal e os laços com o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), pré-candidato ao Palácio do Planalto.
A urgência para a definição de nomes, do ponto de vista de Buarque, nasce da necessidade de apresentação de uma proposta coerente para o DF. Faltam sete meses para as eleições. Para o senador, a chapa precisa convencer a opinião pública com contornos patrióticos e não oportunistas, tendo um programa de governo factível, distante das costumeiras promessas eleitorais.
Pré-candidato descarta o Senado e só quer o Buriti
“Só concorro se for para o governo. Senado é para quem quer se aposentar. Quem quer ficar quieto, na mansidão. Não estou interessado nisso. Quero ajudar Brasília e meu objetivo é o Executivo”, crava Frejat. Na busca pela formação de uma chapa competitiva, o ex-secretário de Saúde do DF mantém pontes com todas as forças do tabuleiro brasiliense.
“Não me importa se a pessoa é de esquerda ou de direita. O que importa é ela seja direita”, brinca. Nos planos de Frejat, é fundamental a soma do maior número de personagens contrários ao atual governo de Rodrigo Rollemberg (PSB).
“Não tenho idade para errar. E quero somar com o maior número de pessoas”, crava. Aos 80 anos de vida, Frejat garante ter fôlego para a corrida eleitoral e um eventual governo, rebatendo críticas veladas disparadas por adversários e supostos aliados.
“Não tenho problemas de saúde. E quando fui secretário, lá em 1979, instalei postos de saúde, hospitais a faculdade de Medicina. E o que fizeram depois? Como está a saúde pública hoje? Não sou um bom nome para o Executivo? Não sirvo porque sou incontrolável? Não cedo? E ainda sem uma mácula, uma mancha”, argumenta.
Frejat já definiu a espinha dorsal de seu programa de governo para as eleições: cuidar das pessoas. Em qualquer área: saúde, segurança ou fiscalização, o foco está no cuidado com a população.
Saiba mais
Ao contrário de Frejat, Joe Valle não organizou, nem oficializou uma pré-candidatura ao Buriti. Contudo o grupo político do parlamentar já se prepara para disputar as urnas pelo GDF. A cúpula nacional do PDT avalia positivamente o movimento do atual presidente da Câmara.
A princípio, a frente alternativa não vê grande barreiras para dar palanque para Geraldo Alckmin (PSDB), no caso de uma candidatura de Frejat. Ou Ciro Gomes (PDT), tendo Valle como cabeça de chapa. Mas o mesmo não pode ser dito sobre Bolsonaro.
O senador Cristovam Buarque se recupera de uma grave pneumonia. Mesmo assim, tem estado atento a todos os movimentos recentes no tabuleiro político brasiliense.