As polêmicas em torno da série “O Mecanismo” chegaram ao Aeroporto JK. Ali, a provedora de filmes e séries Netflix montou um showroom com itens como uma cueca recheada de dinheiro, sapato com gravador, gravata com filmadora e capas de tornozeleiras eletrônicas. Tudo isso para chamar a atenção para a série que trata dos escândalos da operação Lava Jato.
O local recebe visitantes constantemente, que riem e fazem comentários como “sensacional” e “muito criativo”. A maioria das pessoas que passa pelo estande faz fotos, filma e tira selfies. Enquanto a equipe do JBr. esteva no local, também pôde-se ouvir queixas que evolviam “fascismo” e “falta de democracia”, e até um burburinho sobre políticos que estariam pressionando para o fechamento do estande.
A série “O Mecanismo” tem início com a história que precede a Operação Lava Jato e foi inspirada no livro “Lava Jato – O Juiz Sergio Moro e os Bastidores da Operação que Abalou o Brasil”, escrito pelo jornalista Vladimir Netto. A produção, criada por Elena Soarez e com direção de José Padilha, Daniel Rezende, Felipe Prado e Marcos Prado, estreou em 190 países. No elenco, Selton Mello, Enrique Diaz e Caroline Abras.
O programa vem causando polêmica entre os telespectadores. Tudo começou quando a ex-presidente Dilma Rousseff identificou que uma fala dita pelo senador Romero Jucá estaria na boca da personagem que interpreta o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então a confusão na internet só vem crescendo.
Famosos e anônimos têm expressado suas opiniões por meio das redes sociais. O cantor Chico César anunciou que cancelou sua assinatura na Netflix. No Facebook, ele recomendou que as pessoas não financiem “a mentira torpe que o esgoto ideológico da direita sem votos quer empurrar goela abaixo”.
Para o servidor público César Oliveira, a série erra ao creditar a expressão “estancar a sangria” ao personagem que representa o ex-presidente Lula. “Em cada episódio o espectador é avisado de que se trata de ficção, mas o momento de nosso País exige mais cuidado no trato das informações, mesmo que seja para efeitos dramáticos”, pondera.
Loja da Corrupção
Assim como a série, o estande no aeroporto denominado “loja da corrupção” também é polêmico. Há quem destaque que corrupção não é motivo de piada. É o caso do Antônio Matos de Souza, de 60 anos. O aeroportuário se diz envergonhado. “Quem vem de fora chega sorrindo, achando maravilhoso, e acho uma vergonha. Isso não é piada”, lamenta.
O jornalista e documentarista Armando Sampaio Lacerda, de 68 anos, estava chegando de uma turnê que fez na Europa, sobre um documentário que realizou sobre o ex-deputado federal Mário Juruna. Assim que se deparou com a loja fictícia, sentiu-se indignado. “Acho um abuso, uma provocação gratuita. O próprio filme não fala bem do Brasil”, reclama.
Por outro lado, o policial militar Luir Rodrigues, 39, considerou o estande muito interessante: “Achei genial. Conseguiram chamar nossa atenção de uma forma irreverente e intrigante”, afirma. Para ele, o item mais interessante da loja são as capinhas de tornozeleira e a cueca de doleiro.
Para Carla Damasceno, a ação é trágica e cômica. Ela conta que assistiu à série e acredita que condiz com a realidade. “Serve para alertar a população. Por outro lado, não é só gente corrupta que existe no mundo”, completa.