30/03/2018 às 07h42min - Atualizada em 30/03/2018 às 07h42min

Abadia decide deixar o governo para disputar eleições

A ex-governadora entregará o cargo que ocupa no GDF na segunda-feira. Rollemberg articula apoio do PSB à candidatura de Alckmin (PSDB) ao Planalto para tê-la como vice na corrida ao Buriti

Titular da Secretaria de Assuntos Estratégicos do Distrito Federal — pasta criada especialmente para abrigá-la —, a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB) decidiu deixar o alto escalão do governo para disputar as eleições. O desembarque obedece a data-limite estabelecida pela lei eleitoral para a desincompatibilização de cargos, em 7 de abril. A decisão atende a pedidos da Executiva Nacional do partido, ela garante. Dessa forma, a tucana fica à disposição da sigla para concorrer em três cenários distintos: para governadora, vice numa chapa encabeçada por uma legenda aliada, ou deputada federal.
 
Abadia teve uma conversa preliminar sobre a decisão com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) anteontem, quando avaliaram o cenário eleitoral. Ela deve encontrá-lo novamente na próxima segunda-feira. “Não pretendia concorrer a um novo mandato, mas sou uma pessoa partidária. Por isso, resolvi atender às indicações de Geraldo Alckmin e de demais integrantes da Nacional”, pontuou.
 
Sobre o cargo que disputará, a fundadora do PSDB em Brasília despista. “Temos de aguardar o desfecho das composições nacionais, que vão influenciar as eleições do DF. A única certeza é que não disputarei o GDF”, disse. Não está definido quem ficará no comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos, pasta criada em outubro último, numa investida de Rollemberg para se aproximar do tucanato.
 
O chefe do Executivo local trabalha para fechar acordo com a sigla. O PSB apoiaria a candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), à presidência da República, em troca de suporte numa lista de unidades federativas, inclusive o DF. O acerto, contudo, fica mais difícil a cada dia, com desavenças em diferentes colégios eleitorais, como no maior deles, São Paulo. O prefeito da capital paulista João Doria (PSDB), e o vice-governador, Márcio França (PSB) disputarão a chefia do Palácio dos Bandeirantes. Além disso, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa estuda se filiar ao partido socialista para concorrer ao Planalto.
 

Embate 

Caso decida se candidatar a governadora, hipótese descartada até então, Abadia teria de disputar prévias internas com o deputado federal e presidente regional do PSDB, Izalci Lucas (PSDB). Ele trabalha no projeto pelo Palácio do Buriti desde o ano passado e integra um grupo com mais de uma dezena de partidos, como PSD, PTB, PPS e PRB.
 
Se optar por esse caminho, haveria mais um capítulo do embate entre as alas do tucanato local lideradas por Abadia e Izalci. Os grupos lutam pelo poder do partido, que não realiza eleições para a escolha da Executiva desde 2011. O último episódio aconteceu no mês passado, quando Alckmin renovou o mandato provisório de Izalci. A intervenção, entretanto, vence em 1º de junho, a um mês das convenções partidárias para a escolha dos candidatos das legendas aos postos majoritários e proporcionais. O alto escalão garantiu a realização de um pleito para escolha democrática da presidência da legenda até lá.
 
Para Izalci, “passou o tempo” da manifestação de interesse a cargos majoritários no tucanato. Contudo, disse estar “tranquilo” quanto a eventuais prévias. “Se ela quiser disputar internamente a chance de concorrer ao governo, não há dificuldade. Mas este é um momento de unidade. Estou em articulações adiantadas com partidos que fazem a base do PSDB nacionalmente. Ou seja, há outras siglas na discussão”, frisou.
 
Em último caso, Abadia concorreria ao posto de deputada federal, como em 2014, quando o fez a pedido do senador Aécio Neves (PSDB-SP). À época, ela conquistou 37.776 votos e acabou sem o cargo. A última atuação da tucana com mandato foi entre 2006 e 2007, período em que assumiu o GDF para Joaquim Roriz (sem partido) disputar o Senado.
 

Outra decisão

Subsecretário de Políticas Estratégicas da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh), Virgílio Neto (PSDB) também deixará o posto até o prazo final para a desincompatibilização de cargos. Ele concorrerá à vaga de deputado distrital. Não sabe ainda, contudo, por qual partido: PSB ou PSDB.
 
Opositor à ala comandada por Izalci, Virgílio baterá o martelo até quarta-feira. “Ninguém sabe até agora o que a Nacional do PSDB quer, e isso é muito complicado. O prazo está expirando”, justificou. Como Abadia, o tucano responde a um processo no Conselho de Ética do PSDB por não ter atendido ao ultimato de Izalci Lucas, o qual exigiu que todos os correligionários deixassem o GDF em janeiro último.

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