A Procuradoria Geral da República havia pedido ao STJ que enviasse à primeira instância as investigações sobre cinco governadores que haviam renunciado aos cargos para se candidatar às eleições de outubro. Além de Alckmin, são eles: Beto Richa (PSDB), do Paraná, Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, Confúcio Moura (MDB), de Rondônia, e Raimundo Colombo (PSD), de Santa Catarina.
O argumento é que, como eles deixaram os cargos, perderam o foro privilegiado.
No caso de Alckmin, o inquérito foi aberto após a delação da Odebecht. Delatores disseram que a construtora teria repassado dinheiro para campanhas de Alckmin ao governo paulista e que as quantias não teriam sido declaradas na prestação de contas. Ainda segundo delatores, um cunhado do governador teria recebido, pessoalmente, parte desses valores.
Nesta quarta-feira (12), Alckmin foi abordado por jornalistas após almoçar com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) em Brasília. Questionado sobre o pedido da PGR, disse que ainda não havia sido informado. Depois, disse: "A delação é de natureza eleitoral e sem nenhuma procedência. Isso vai ficar claro, é só aguardar um pouquinho”.
As investigações apuram a prática de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, peculato e caixa dois. Dependendo do crime apurado, o procedimento pode ir para as Justiças Federal, Estadual e Eleitoral.
Para os governadores do Paraná, Goiás, Rondônia e Santa Catarina, caberá ao ministro relator de cada procedimento decidir o novo foro. Não há prazo para que o STJ analise os pedidos.
Sobre a decisão de encaminhar o inquérito sobre caixa dois para a primeira instância, a assessoria de Raimundo Colombo declarou ter todos os elementos para fazer os esclarecimentos necessários.
A defesa de Confúcio Moura declarou que vai aguardar a chegada do processo à primeira instância para fazer o devido acompanhamento.
A defesa de Marconi Perillo declarou que a determinação da PGR é um procedimento normal e que segue confiando no Judiciário.
Beto Richa afirmou que apresentará sua defesa em qualquer instância e que está ciente de que todos os seus atos foram pautados pela legalidade. A reportagem não conseguiu contato com Geraldo Alckmin.