12/04/2018 às 07h09min - Atualizada em 12/04/2018 às 07h09min

Adasa contesta Rollemberg e nega fim do racionamento com alta nos reservatórios

Governador retomou o tema ao anunciar estação elevatória, na terça. Volume útil é apenas um dos fatores, diz agência.

G 1/DF

A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) emitiu nota, nesta quarta-feira (11), para reforçar a mensagem de que o racionamento de água na capital – em vigor desde janeiro de 2017 – não tem prazo para acabar.

 

 

 

 

Segundo o diretor-presidente do órgão, Paulo Salles, a recuperação dos reservatórios é "apenas uma das questões a serem analisadas". O consumo no período e a segurança hídrica após a seca – que só poderá ser medida a partir de setembro – também entram no cálculo, diz ele.

“Nós queremos sair do racionamento, mas não voltar."

 

 

Sem fazer menção direta, a nota da Adasa rebate declarações recentes dadas pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Em vídeo divulgado nesta terça (10) (veja abaixo), por exemplo, Rollemberg diz que o governo atual fez "investimentos extremamente importantes" para o abastecimento de água do DF.

 

 

"Hoje, o Descoberto já está com 82% do seu volume total, o que nos permite dizer com tranquilidade que, ainda neste ano, nós vamos suspender definitivamente o racionamento de água no Distrito Federal", declara Rollemberg.

 

 

 

Não foi a primeira "garantia" dada pelo Palácio do Buriti sobre o assunto. Em 3 de março, num congresso do PSB, Rollemberg disse que o rodízio no corte de água chegaria ao fim graças à inauguração do sistema Corumbá IV – uma obra em parceria com Goiás, e que se arrasta desde 2011.

 

 

Dois dias depois, em 5 de março, o governador repetiu a mensagem, com direito à expressão "sem dúvidas". Rollemberg disse ainda que, dependendo do volume das represas, o fim do corte pode acontecer antes de dezembro.

 

 

 

 

De acordo com a Adasa, apesar dos temporais registrados no DF nos últimos dias, a chuva média acumulada na área do reservatório do Descoberto "está abaixo da média histórica e menor na comparação com 2016, quando foi declarada situação de escassez hídrica".

 

 

 

 

 

O Descoberto é o maior reservatório do DF, e responsável por abastecer dois terços da população da capital. No auge da crise, em 2017, a bacia chegou ao mínimo histórico de 5,3%. Nesta quarta, o nível medido pela Adasa era de 82,1%.

 

 

Segundo Paulo Salles, o alerta não significa que o fim do racionamento só será discutido quando os reservatórios voltarem a transbordar. Mais impostante que isso, diz, são os parâmetros de meteorologia e de consumo.

"Isso significa que temos que olhar com muita atenção o consumo de água no próximo período de seca. Não sabemos como será período chuvoso no final do ano."

 

 

A barreira dos 80% foi cruzada pelo Descoberto na última segunda (9). Com isso, a bacia atingiu o maior índice desde abril de 2016 – quando a possibilidade de uma crise hídrica sequer era ventilada pelo Palácio do Buriti. A guinada foi de 5,2 pontos percentuais em uma única semana.

 

 

Na avaliação dos meteorologistas, a chuva deve seguir até, pelo menos, a próxima sexta-feira (13). O motivo é a associação do calor da região central do país com outros fatores. Ao G1, a meteorologista do Inmet Maria das Dores de Azevedo detalhou os fenômenos naturais que interferem na precipitação.

"A umidade que vem do norte e noroeste do país cria uma zona de convergência e, associada a frentes frias do Sul, as consequências são mais chuvas."

 

 

O efeito da chuva também pode ser sentido no reservatório de Santa Maria. Às 18h30 desta segunda-feira (9), a bacia operava com 51,8% do volume útil. A projeção da Adasa estimava que o índice registrado seria 50%. O valor é um pouco maior do que o volume registrado no domingo (8), quando alcançou 51,1%.

 

 

Apesar do aparente maior volume de chuvas sobre a capital, para os especialistas do Inmet a precipitação no DF está "dentro da normalidade climatológica".


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