Por quase duas horas, um empresário de 32 anos ficou sob a mira de armas enquanto dois assaltantes roubavam sua casa no condomínio Privê Morada Sul, no Jardim Botânico. Ainda assustado, o homem prefere não se identificar e critica a falta de segurança no local, onde mora há dois meses. Há vigilância privada, mas, conforme o morador, nenhuma moto passou em todo o tempo do crime.
O roubo teve início às 19h30 de segunda-feira. “Eu estava com um amigo. Ele tinha saído para pegar uma pasta dentro do carro dele. Viu que tinha um veículo atrás, mas não desconfiou de nada. Ao entrar novamente, dois homens o pegaram. Aí entraram e foram atrás de mim”, conta.
Para poderem vasculhar a residência, os bandidos amarraram as vítimas. “Prenderam nossos braços e pernas. Gritavam pedindo o cofre. Eu falava que não tinha. Aí fizeram roleta russa (jogo em que colocam uma única bala na arma e apertam o gatilho), como se estivessem me pressionando para dizer onde fica o cofre. Ameaçaram de morte”, lembra o empresário.
Varredura
Os assaltantes não se intimidaram: reviraram cada cômodo em busca de objetos valiosos. “Quando viram que não tinha cofre, começaram a destruir a casa toda. Pegaram duas televisões grandes, computador, câmera fotográfica, celular, violão, levaram meu carro e o do meu amigo – uma BMW e um Kia Picanto”, aponta. Ele estima que o prejuízo tenha sido de R$ 50 mil.
Tudo só terminou às 21h, o que aumenta a revolta do empresário: “Aqui não tem câmera, não tem muro, é só cercado. Minha casa não tem portão, é aquele estilo americano, como tantas outras no condomínio. O síndico disse que estava previsto colocar câmeras. Mas, mesmo assim, a gente não espera. É um condomínio fechado e ficaram muito tempo dentro da minha casa. Eles entraram com um carro e não a pé. Na portaria, pedem identificação”, destaca.
Ele, no entanto, disse não desconfiar de ninguém do condomínio. “Aqui tem vários pedreiros, porque há muitas casas em construção. O condomínio é muito grande, então é um entra e sai o dia todo. Só que eles não levaram nada específico, não estavam em busca de algo”, pondera.
O empresário ainda se recupera do susto. “O que fica é a sensação de insegurança e revolta. Disseram que foi o primeiro roubo desse tamanho no condomínio. Está todo mundo assustado. Mas passou. Levaram bens materiais e eu posso superar o prejuízo”, finaliza.
Apesar de os ladrões ainda serem procurados, os dois carros roubados foram localizados. Um estava em estrada de chão que vai para o Jardim ABC, e outro em Chapadinha, no Núcleo Rural de São Sebastião. A 6ª DP (Paranoá) investiga o caso.
A Secretaria de Segurança não tem dados específicos da violência do Jardim Botânico. Em toda a capital, foram registrados 58 roubos a residências no mês passado. No ano passado, o Jardim Botânico registrou três roubos em todo o ano: um em julho e dois em dezembro.
De acordo com a Polícia Militar, pelo Jardim Botânico a segurança interna dos condomínios deve ser feita por empresas privadas. No entanto, uma viatura faz rondas nas avenidas principais.
Síndico admite brechas para a insegurança
O síndico do Privê Morada Sul, Lucas Richard Gonçalves Júnior, explica que ainda não é possível construir um muro devido ao processo de regularização. Por isso, há apenas uma cerca de arame farpado. “Isso facilita a entrada, e eu mesmo via a possibilidade de isso favorecer furtos. Só que da forma que tudo aconteceu, me pegou de surpresa”, admite.
Ele argumenta que há a identificação de todos os carros e uma câmera de segurança na portaria principal. “Com a descrição que a vítima deu, não tem registro. Mas não consigo precisar se entrou pela portaria de baixo, que não tem câmera. Pode ter acontecido um erro no registro. Em relação à ronda, ela passa a cada 15 minutos. São três motos para todo o condomínio e, por noite, eles rodam cerca de 700 km. Mas, mais uma vez, é um trabalho humano e pode ter ocorrido falhas”, completa.
O síndico afirma que, a partir desse roubo, o condomínio passará por mudanças. “Vamos aumentar todo tipo que ação que possa aumentar a segurança”,