Em 2015, o vice-governador do Distrito Federal, Renato Santana (PSD), comemorava o aniversário de Brasília ao lado do chefe do Executivo, Rodrigo Rollemberg (PSB). Eram duas figuras que costumavam aparecer juntas com maior frequência em uma agenda em comum. Por vezes, era o vice quem falava como porta-voz institucional. Quase três anos depois e no último ano de mandato, a aliança partidária entre eles não existe mais, as falas se converteram em oposição e o orçamento encolheu.
O recurso destinado para a vice-governadoria, que era de R$17,2 milhões no ano passado caiu para 7,7 milhões neste ano - um corte de 54%. Em 2016, a dotação foi de R$ 15 milhões. De acordo com a Secretaria de Planejamento do Governo de Brasília, a redução se dá devido à diminuição das funções da pasta. "A diferença orçamentária resulta da redistribuição das atribuições da Vice-Governadoria para a Secretaria das Cidades. A mudança significou transferência de cargos, funções e contratos – informática e telefonia – das Regiões Administrativas para a nova secretaria, criada nos últimos meses de 2016", disse o governo em nota.
O orçamento reduzido se deu exatamente após rompimento do PSD, partido do vice, da base do Governo Rollemberg. A sigla, no entanto, não considerou como retaliação. A informação é de que o próprio vice-governador teria sugerido a redução da verba. Na nota do rompimento, não houve críticas expressas. A legenda apenas afirmou que o vice "garantirá a execução dos compromissos de trabalho assumidos com a população", já que foi eleito na chapa. O vice se manifestou contrário ao aumento da tarifa dos ônibus e costuma defender a categoria da Polícia Civil, que está em pé de guerra com o Buriti. Caminho próprio Diante do rompimento, Renato Santana seguiu roteiro próprio. Manteve ao longo dos anos o lema de "desatar os nós", a metáfora para as demandas pendentes da população. Desde o início do mandato, defendeu que "o gabinete é nas ruas", e faz questão de divulgar o dia a dia nas redes sociais, mostrando serviço em diversas áreas, principalmente no setor de habitação, agindo em áreas irregulares. Fica público em seus perfis o telefone celular, que garante não ser funcional. Sem assessoria de imprensa, faz a própria propaganda de governo, que prega proximidade. O maior rompimento se deu em meados de 2016, quando veio a público gravação de uma conversa entre o vice e Marli Rodrigues, presidente do SindSaúde, na qual o político dizia ter conhecimento de esquema de propina no serviço público. Santana e Rollemberg lançaram cada um a própria manifestação.