27/04/2018 às 07h35min - Atualizada em 27/04/2018 às 07h35min

Em Águas Claras, jovens fazem praça de ponto de tráfico

Após denúncias, Polícia Civil monitorou jovens e prendeu três em flagrante

Jbr

Depois de operação contra o tráfico de drogas na Praça da Quadra 104 de Águas Claras, a professora Átina Martins, 33, passeia com muito mais tranquilidade com seu cachorro. A ação levou à prisão em flagrante de quatro traficantes, um deles morador da quadra. Segundo relatos de quem vive por ali, a venda de entorpecentes corria solta, mesmo durante o dia. A área comum é bastante frequentada por crianças, jovens e idosos.

O histórico de bagunça e tráfico da Praça Tiziu, também conhecida como Praça do Elefante, não é novo. Átina lembra que há cerca de quatro anos havia um coreto bem na entrada da área. A reunião de baderneiros e usuários de drogas era bem maior. “Tem dia que há furtos, agressões e brigas. Eles ainda deixam droga largada onde as crianças andam”, afirma.

Para ela, ações como a de terça deveriam ocorrer com mais frequência, pois assim ela teria segurança para transitar pela área que fica em frente a seu prédio. Até porque, como ela chega por volta das 23h em casa, a segurança é essencial. A professora afirma que foram feitas inúmeras denúncias para a polícia dos problemas da região.
 

Operação
E foi devido a denúncias anônimas de moradores que a Polícia Civil chegou aos detidos. A investigação iniciou nos primeiros dias de abril, quando o caso chegou à Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da PCDF. O delegado da coordenação, Diogo Barros Cavalcante, explica que logo no começo das apurações percebeu-se que as denúncias batiam com o que foi visto nas visitas à praça.

Assim, começou o trabalho de mobilização das equipes para identificar o responsável pela venda e para quem essa droga era vendida. Nessa terça, os policiais observaram três pessoas indo até um dos homens detidos, identificado como Abrahão F. G., anos, entregando uma mochila e indo para o carro. A corporação, então, abordou os indivíduos e encontrou 500 g de maconha e R$ 600 em espécie. No carro onde os outros três jovens – de 20, 21 e 22 anos – estavam, também foram encontradas outras quantias de entorpecente. O delegado não quis divulgar o nome completo dos envolvidos.

Abrahão acabou revelando para a polícia que havia mais droga no apartamento dele. Com sua autorização, os policiais foram à residência e encontraram balança de precisão, plástico para envolver as drogas e mais porções. Todos responderão por tráfico. Nesta quinta-feira (26), eles passaram pela audiência de custódia e devem permanecer presos até que a Justiça decida pelo julgamento.
 

População precisa denunciar mais

Apesar da operação bem-sucedida, o que mais chamou atenção da polícia foi a resposta da população. “No final da ação, quando estávamos colocando os jovens na viatura, a população dos prédios vizinhos, que têm vista para a praça, começaram a aplaudir, agradecer. Diziam que tinha que prender mesmo. Creio que eles estavam, realmente, perturbando o sossego da quadra. Os moradores podem se sentir mais tranquilos a partir de agora”, salienta o delegado da Cord, Diogo Barros Cavalcante.

Para ele, operações como esta devem continuar se a população auxiliar no trabalho policial fazendo denúncias. “Se houver outros locais que apresentem ocorrências de tráfico, é importante ligar para o 197. Quanto mais denúncias houver de uma determinada área, mais facilmente aquela região vai ser investigada”, ressalta.

O porteiro de um dos prédios da Quadra 104, Marcos Oliveira, afirma que, apesar dos problemas, percebe que a cidade é mais tranquila que outras de Brasília. Por isso, espera que a polícia continue fazendo o trabalho por ali. Apesar do grande tráfego de pessoas, mesmo à noite, a praça não apresenta uma iluminação eficaz.

Segundo os moradores, a luminosidade do local está bem melhor que em tempos atrás, pois as lâmpadas foram trocadas há poucas semanas. A complicação é que só existem postes de luz no centro da praça e não nas extremidades. Como a copa das árvores é grande, há ainda a dificuldade de disseminação da claridade. Apesar disso, quem foi ouvido pelo Jornal de Brasília garante que vai continuar denunciando para que a presença do poder público esteja presente na região.

Saiba mais

Em depoimento à Polícia Civil, Abrahão disse que era apenas um usuário de drogas.
Apesar disso, a polícia não tem dúvidas do seu envolvimento com o tráfico, pois o flagrou com as 500 gramas de maconha e viu o momento em que ele participou de duas vendas.


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