Além da nova denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, a senadora Gleisi Hoffmann e o ex-ministro Antonio Palocci, o PT vê o cerco se fechar em mais uma negociação de delação premiada: a de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras. Duque afirma ter informações sobre o envolvimento dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff com a Odebrecht e os desvios da Petrobras. A delação do ex-diretor da estatal atrapalha não apenas a viabilidade de um candidato do PT ao Planalto, mas complica ainda mais a sobrevivência do partido.
Segundo a força-tarefa de Curitiba, Renato Duque guardou documentos que “reforçariam o elo entre o PT, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e os repasses da Odebrecht”. A entrega de provas contra nomes importantes do PT promete ser forte. Nos documentos apresentados ao Ministério Público Federal (MPF), o ex-diretor acusa Dilma de ter “franca atuação” em esquemas de desvio de dinheiro público. Na proposta de acordo há extratos bancários, planilhas e fotos. Duque disse ainda ter como explicar “em detalhes” como era a divisão de propinas milionárias.
O ex-diretor da Petrobras já colabora com as investigações da Lava-Jato por meio de um acordo com autoridades italianas — e até ganhou imunidade perante a Justiça daquele país. Durante os depoimentos, informou que “parou de contar” o valor das propinas quando elas chegaram a US$ 10 milhões, valor que julgou ser “mais que o suficiente” para ele e a família viverem até o resto da vida. Recebeu tanto que abriu mão de 20 milhões de euros aplicados em um banco de Mônaco, dinheiro recuperado pelo Brasil.
Renato Duque está preso há três anos e meio. Foi citado em diversas delações como “alguém que tinha poder de decisão” e continua sendo investigado por firmar contratos com um cartel de empreiteiras e desviado os recursos para a corrupção de políticos e agentes públicos. A delação dele não foi efetivamente concluída. Ele pegou 57 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O ex-diretor da Petrobras ajuda com as investigações da Lava-Jato desde 2017, quando o juiz Sérgio Moro concedeu benefícios judiciais. O magistrado proferiu uma sentença unificando as penas de Duque e determinando que ele cumpra cinco anos em regime fechado e, a partir daí, consiga a progressão da pena. Passará a usar, assim, a tornozeleira eletrônica. Com a delação, todos os crimes podem ser esquecidos pelo chamado “perdão judicial”.
Na delação do executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, uma das primeiras a revelar o esquema de corrupção na Petrobras, em 2014, havia citações sobre Renato Duque. Mendonça informou à força-tarefa de Curitiba ter simulado ao menos seis contratos de prestação de serviços para pagar propina ao ex-diretor. O delator enviou documentos do Grupo Toyo Setal ao Ministério Público. Ribeiro era representante da empresa, mas usou outras, de fachada, para forjar serviços de terraplanagem, aluguel de equipamentos e consultoria com a Petrobras.