De acordo com Sandra Gomes, delegada-chefe da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), uma das vítimas relatou que ele se identificava como DJ e distribuía panfletos das festas que promovia. Em um desses eventos, cerca de 500 pessoas teriam comparecido.
O acusado já tinha registro de ocorrências contra ele em outras duas delegacias – um deles na própria Deam, em 2017. No entanto, as investigações só identificaram o camaronês após as últimas denúncias, no dia 21 de abril. Sandra Gomes acredita na existência de mais vítimas.
“Em algumas das queixas, as vítimas apontavam um nome, mas verificamos que era um apelido dele. Por isso não tínhamos conseguido chegar ainda à autoria desse crime. Mas, com esta última ocorrência, não tivemos mais dúvidas quanto à identificação do autor”, relata a delegada.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu um mandado de prisão preventiva contra o homem e um de busca e apreensão. Durante esse último, foram encontradas uma passagem para a data de 5 de maio para Camarões, seu país de origem, e uma blusa apontada como a que ele usava no dia em que uma das vítimas foi abusada.
“Foi uma investigação trabalhosa, mas estamos muito satisfeitos por termos evitado que ele deixasse o Brasil. Certamente a Justiça brasileira não o alcançaria mais. Ele já devia saber que estava sendo investigado, provavelmente veio daí a intenção de deixar o País”, analisa Sandra.
Segundo a delegada, o suspeito está matriculado no curso de medicina da Universidade de Brasília (UnB), mas não frequentava as aulas.
Ele e seu irmão mais velho vieram ao Brasil pois o pai trabalhava como adido diplomático em uma embaixada. O homem retornou ao seu País, mas os filhos permaneceram aqui. “Durante depoimento, o jovem disse que seu pai havia deixado dinheiro para eles se sustentarem até 2020”, conta a delegada.
O acusado responderá pelo crime de estupro, podendo pegar de seis até dez anos de reclusão, além de estupro de vulnerável, com pena de dez a 20 anos de prisão.