A motivação do assassinato de um vigilante da Escola Classe Jibóia, no Núcleo Rural de Ceilândia, é cercada por hipóteses e especulações. A família suspeita que o crime tenha sido encomendado, pois a vítima recebeu ameaças. Colegas de trabalho, por sua vez, acreditam em acerto de contas, pois a escola já foi atacada por ladrões.
Luiz Mário Fernandes, de 56 anos, foi encontrado morto com quatro tiros na guarita da instituição, que fica afastada da cidade. A 23ª DP (Ceilândia) investiga. A diretora Ana Cristina de Melo, que trabalha ali há nove anos, conta nunca tinha acontecido nada na escola até a semana passada. “Outro vigia foi agredido. Tentaram invadir, e ele entrou em luta corporal, mas conseguiu fugir e pediu ajuda”, lembra.
Por isso, Ana Cristina desconfia que as mesmas pessoas podem ter voltado para acertar contas. “O funcionário que estava nesse plantão vem de moto, e o Luiz também. Isso podem ter confundido”, levanta. Mas ela pondera: “Os bandidos que vieram roubar estavam só com chave de fenda. Agora quem veio estava com arma, atirou e foi embora. Não levou nada”.
Um dos filhos do vigilante, que não quis se identificar, afirmou ao JBr. que o pai já tinha sido ameaçado de morte pela ex-mulher. “Ano passado ele me contou que tinha pego a mulher dele com outro e que os dois queriam matá-lo para ficar com o dinheiro de pensão e seguro de vida”, diz.
“Se quisessem roubar, teria levado a moto dele que estava com a chave na ignição. Levaram só o celular para não ter prova de nada. Muito estranho tudo isso. Outro vigilante disse que meu pai tinha o costume de fechar a porta da guarita, colocar um armário e o sofá para não conseguirem abrir. Quem matou meu pai sabia que ele estava aqui”, acrescenta.
Ele define o pai como trabalhador. “Uma pessoa boa. Não bebia nem fumava, detestava tudo isso. Sempre foi muito correto. Depois que ficou com essa mulher começou a beber um pouco”, lamenta.
O vigilante que substituiu Luiz Mário no novo turno foi uma das primeiras pessoas a encontrá-lo morto. Antes dele, o homem que entrega água na escola viu e o chamou. “Ele estava deitado no sofá. Olhamos para ele e estava com o nariz com sangue. Achamos que tinha passado mal, aí ligamos para o Samu. Pediram para eu tentar reanimar, mas não consegui”, lembra Nilton Luz, 33 anos. Quando a equipe de emergência chegou, constatou os quatro tiros no quadril.