Foram tantos os desacertos durante a greve dos caminhoneiros, que na visão de cientistas políticos, restaram ao presidente Michel Temer apenas duas tarefas: juntar os cacos da greve e inventar alguns remendos administrativos para tentar ganhar fôlego para conduzir seu governo, ou desgoverno, até 31 de dezembro.
É quase unânime a opinião nacional de que o movimento dos caminhoneiros só ganhou proporção alarmante pela falta de liderança e pela incompetência do presidente e de seus ministros mais próximos.
O governo se mostrou fraco, sem credibilidade alguma. A sucessão de equívocos começou com o menosprezo às advertências dos grevistas, que acabaram tendo o apoio de 87% da população, conforme atestou pesquisa do Datafolha.
Com o país caminhando para ficar parado, aí que os dois presidentes caíram na realidade, decidindo colocar em votação medidas que estavam engavetadas e que ajudariam o Palácio do Planalto a contornar a crise que atingia em cheio toda sociedade brasileira.A cúpula do Congresso Nacional tornou-se sócia da dramaticidade que tomou conta do país. Alheios as reivindicações dos caminhoneiros os presidentes da Câmara, deputado Rodrigo Maia, e do Senador, senador Eunício de Oliveira, ensaiaram a aplicação da tradicional politica “toma lá, dá cá”. Só pretendiam votar as medidas que o momento exigia se houvesse compensação da parte do Executivo.
O país estava próximo de voltar ao estado de coma, de se afastar dos trilhos do desenvolvimento. Mercados sem produtos, postos sem combustíveis, farmácias sem remédios, escolas sem estudantes, hospitais sem insumos, população sem transporte. O cenário deixava os brasileiros de cócoras.
Em meio a esse quadro de horror eis que surgiram aventureiros pedindo intervenção militar, retorno à ditadura. Loucura prontamente descartada pelos próprios militares e lideranças nacionais defendendo a democracia. Para o bem do Brasil foi apenas um sonho de verão.
Foram dez dias de greve que ficarão marcados na história do Brasil. Mas ficaram altíssimas as contas, que ultrapassam os R$ 50 bilhões, e que serão pagas por todos nós brasileiros que já temos uma das maiores cargas tributárias em todo mundo. Uma situação que dificultará a retomada do emprego, que hoje atinge mais de 25 milhões de brasileiros.
A greve provocou também a queda de Pedro Parente da Presidência da Petrobrás, deixando uma serie de incertezas quanto ao futuro da maior estatal do país. Depois de 10 dias de paralisia, as perdas da Petrobras chegaram a 162 bilhões. De primeira empresa do Brasil, passou para o quarto lugar, ficando atrás da Vale Rio Doce, Itaú e AmBev.
Há ainda a expectativa dos reflexos da crise no cenário da sucessão presidencial. Se para o bem ou para o mal, saberemos logo mais.
Um fato, todavia, é tido como certo: o grande perdedor foi o presidente Michel Temer. Faltam seis meses para o termino do seu mandato, até lá terá pela frente as turbulências da campanha eleitoral. Inclusive, café frio vão lhe servir no Palácio do Planalto.
O pior para Temer virá a partir do dia 1° de janeiro de 2019. Sem os benefícios do foro privilegiado, como cidadão comum, vai ter que responder uma serie de ações criminais as quais, como presidente, conseguiu mantê-las debaixo dos tapetes. São acusações da Procuradoria Geral da Republica com potencial de resultar para Michel Temer alguns anos de cadeia.