15/07/2018 às 10h35min - Atualizada em 15/07/2018 às 10h35min

Possível desistência de Frejat embaralha negociações feitas até agora no DF

A possível desistência do pré-candidato do PR mexe com as negociações realizadas até agora. A uma semana do início das convenções, o jogo político deve ficar embaralhado, com vantagem para Rollemberg, caso os grupos de centro-direita não se unam

Correio Braziliense
Se Jofran Frejat (PR) realmente desistir da disputa ao Palácio do Buriti, toda a negociação entre políticos para a formação das chapas começará praticamente do zero. O jogo embola. Líder nas pesquisas, o ex-deputado e ex-secretário de Saúde é considerado favorito. Todas os levantamentos realizados até agora indicam que ele tem, pelo menos, 20% do eleitorado, num cenário em que metade da cidade não pretende sair de casa para votar.   A aposta entre vários analistas políticos era de que apenas uma bomba poderia tirar a vitória de Frejat. Mas esta apareceu e foi produzida pelo próprio pré-candidato.
 
A possível desistência tem impacto direto na formação das chapas do grupo de centro-direita que se originou dos governos de Joaquim Roriz e José Roberto Arruda (veja quadro). As pré-candidaturas de Eliana Pedrosa (Pros) e Izalci Lucas (PSDB) surgiram pela falta de espaço no grupo liderado por Frejat. Com o eventual vazio na chapa, Eliana e Izalci devem procurar Arruda em busca de apoio. “Se Frejat sair, há uma tendência de aproximação de partidos, de alinhamento de interesses e busca de candidatos. Por isso, foi importante não fechar a chapa cedo. Agora podemos agregar”, afirma Izalci.
 
Até Alírio Neto (PTB), lançado como vice na chapa de Eliana, pode repensar os planos. No início das articulações, Alírio chegou a convidar Flávia Arruda (PR) para ser a número dois de sua chapa, o que era impossível porque o partido tem Frejat como candidato a governador. Esse cenário pode mudar. No caso de Izalci, a aliança entre PSDB e PR pode receber a benção que Arruda vinha trabalhando. Ontem o ex-governador passou o dia em Pirenópolis com o coordenador da campanha de Geraldo Alckmin, Marconi Perillo (PSDB). Arruda sempre teve uma forte ligação com os tucanos.
 
O deputado Alberto Fraga (DEM/DF) também pode repensar sua pré-candidatura ao Senado. Deputado federal eleito com mais votos na última eleição, ele tem, em tese, um cacife maior do que os demais concorrentes do seu espectro político. Na semana passada, ele fez campanha ao lado de Arruda. Em um dos eventos, reuniu policiais militares, sua base eleitoral. 
 
Para o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o discurso de Frejat foi um presente de aniversário. Não à toa o chefe do Executivo telefonou para o adversário e se solidarizou. Quando falou em “balcão de negócios” e em “não vender a alma ao Diabo”, Frejat reforçou a bandeira que os partidários de Rollemberg defenderão na campanha. 
 
Na comemoração de seu aniversário, o governador comentou ontem a crise no grupo do PR: “Vamos aguardar o desfecho. Certas companhias constrangem o candidato e isso certamente tem incomodado bastante o Frejat”. E acrescentou: “A companhia de pessoas que não têm a conduta que ele teve ao longo da vida traria muito desgaste para a campanha”. A aposta no meio político é de que Rollemberg pode ser o grande beneficiado com a possível desistência de Frejat, principalmente se não houver união do grupo de oposição. 
 
 
Os novos acordos devem ocorrer às pressas porque as convenções partidárias que vão sacramentar as candidaturas começam na próxima sexta-feira. 


Insegurança

A suspensão da agenda e o anúncio público de que pode desistir de concorrer provocaram muita insegurança no grupo de Frejat. Adélia Frejat, sobrinha do candidato, o tem representado em eventos desde sexta-feira. Ontem, em Ceilândia, o discurso dela provocou saias-justas. Segundo integrantes do grupo, ela  incomodou a base de Frejat. Muita gente se sentiu ofendida com o discurso agressivo de Frejat. 
 
Adélia Frejat disse ontem que o tio não compareceu ao evento porque não estaria disposto a se submeter aos políticos que estão sempre no poder. 
 
Num palanque com 20 candidatos, o tom pareceu ofensivo. Houve reações. O ex-distrital Olair Francisco (PP), que estava ao lado de Celina Leão (PP), rebateu: “Não se pode generalizar”. O coordenador da campanha de Frejat, Fernando Leite, amenizou: “Alianças são importantes. Ninguém governa sozinho”. 
 
Frejat pode rever sua posição, como acreditam vários aliados próximos. Mas seu grupo político já começa a conversar, nos bastidores, sobre um possível plano B. Para avaliar o cenário, representantes do MDB, DEM, PP e Avante se reúnem, hoje, na casa do ex-vice governador Tadeu Filippelli, no Lago Sul. Eles não querem que Frejat desista, mas também não pretendem ficar reféns da crise. Todos têm seus próprios projetos eleitorais. Há quem acredite que o  ultimato do pré-candidato pode não ter volta. Por isso, todas as opções precisam ser avaliadas. Frejat já demonstrou que não ouve ninguém. Apenas a família.

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