Depois de causar reboliço no cenário político brasiliense ao desistir da pré-candidatura ao Governo do Distrito Federal (GDF), o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR) mudou o discurso e agora reconsidera voltar à disputa eleitoral. A partir das 8h desta quinta-feira (19/7), o médico se reúne com o presidente nacional do PR, Valdemar Costa Neto. Do encontro, espera-se que saia a decisão final se Frejat vai concorrer ou não ao posto de governador nas eleições 2018.
O retorno à corrida ao Palácio do Buriti, sede do Executivo distrital, é dado como provável por pessoas próximas a Jofran Frejat. Mas o consenso nos bastidores é de que a decisão será estritamente pessoal.
Se o ainda líder das pesquisas de intenção de voto dos brasilienses voltar à disputa, seu caso se assemelhará ao episódio protagonizado pelo ex-governador Joaquim Roriz nas eleições de 1990 – as primeiras realizadas após a autonomia política do Distrito Federal; antes, o chefe do Executivo distrital era escolhido pelo presidente da República.
Naquele ano, Roriz anunciou desistência da candidatura porque fora nomeado ministro da Agricultura na gestão do então presidente da República Fernando Collor de Mello. Após atos populares pedindo o retorno, ele voltou atrás, manteve-se na campanha e tornou-se o primeiro governador eleito pela população brasiliense.
Reduzindo a pressão
Frejat, agora, quer a garantia de tomar as rédeas da sua candidatura e de um possível futuro governo. De acordo com o próprio médico, ele vinha sofrendo pressão em troca de apoio político; segundo apoiadores, havia até apresentação de listas com indicações de nomes para compor sua eventual gestão. “As pressões são muito grandes. Se não tenho condição de tomar as decisões sobre minha própria candidatura, não há sentido continuar”, alegou, ao anunciar à coluna Grande Angular do Metrópoles, em primeira mão, sua saída da cena eleitoral de 2018.
Ao revelar que avalia a possibilidade de reconsiderar a decisão, o médico disse ter imposto condições para se manter pré-candidato, especialmente ter independência e controle da campanha e eventual administração. Isso foi dito durante ato político em seu favor, com ares de comício, realizado à porta de sua casa, na noite dessa quarta-feira (18): “Se não for nas condições que quero, não faço, não volto atrás”.
Conforme interlocutores do grupo político do ex-secretário, o recado foi dado e aliados começaram a ceder. Presidente do MDB-DF, o ex-vice-governador Tadeu Filippelli, por exemplo, abriu mão de indicar o vice da chapa. “Filippelli disse a Frejat que o MDB está passando autonomia e liberdade para ele escolher o vice”, afirmou um articulador próximo ao médico, sob condição de anonimato.
Até o ex-governador José Roberto Arruda (PR), apontado como pivô da desistência de Frejat, ligou para o correligionário nos últimos dias para tentar convencê-lo a não abandonar a campanha. Arruda ganhou a pecha de “diabo” depois de o ex-pré-candidato dizer que precisava exorcizar quem estava lhe pressionando.
Para o deputado federal e correligionário de Frejat, Laerte Bessa, há 90% de chances de o ex-secretário conseguir se impor e seguir na corrida ao Buriti.
Confira fotos do ato de apoio ao ex-secretário de saúde:
1/7Estrutura montada no local lembrou comício: palco, carros de som, faixas e claque
2/7Em palco montado em frente à sua casa, Frejat discursou ao lado de aliados políticos
3/7A aglomeração de pessoas quase invadiu a pista do Lago Sul: 400 apoiadores reuniram-se no local, segundo a Polícia Militar
4/7Elenivaldo Miguel da Silva, 58 anos, acredita que o político, se for candidato e vencer, dará atenção à zona rural do DF e seus moradores
5/7Reginaldo Pereira da Silva, 47 anos, disse ter sido voluntário da campanha do médico em 2014. Para ele, o ex-secretário de Saúde pode fazer muito pelo DF
6/7O deputado federal Laerte Bessa está otimista: disse haver 90% de chance de Frejat voltar atrás e sair candidato ao GDF
7/7Frejat estava bem-humorado e à vontade com aliados em cima do palco montado para o ato político em seu apoio
Outras decisões As reviravoltas em torno de Frejat também colocaram outras chapas em compasso de espera. É o caso da coalização formada por seis partidos políticos do DF, a Terceira Via, que ofereceu a cabeça de chapa do grupo, antes entregue ao deputado federal Izalci Lucas (PSDB), ao ex-pré-candidato do PR. Depois de dois dias de reuniões, a aliança estabeleceu que vai aguardar até as 14h desta quinta (19) pela resposta de Frejat. Passado esse horário, anunciará toda a chapa majoritária. Caso o ex-secretário de saúde decline do convite, o grupo tem dois caminhos a seguir: ou mantém Izalci como pré-candidato ao Buriti ou passa a vez para o também deputado federal Rogério Rosso (PSD) – uma hipótese até o momento rejeitada pelo tucano. Nem mesmo a presença do presidente nacional do PSDB, o presidenciável Geraldo Alckmin, na reunião mantida pela aliança nesta quarta-feira (18) foi suficiente para pôr fim ao impasse entre os dois parlamentares e resultar em um consenso (foto abaixo).
VICE-GOVERNADORIA DO DF/DIVULGAÇÃO Presidente nacional do PSDB, o presidenciável Geraldo Alckmin foi convocado para apagar o incêndio no grupo: Rosso e Izalci não se entendem sobre qual dos dois deve ser o cabeça de chapa
Assim, além de fechar questão sobre a candidatura ao Buriti, o grupo deverá anunciar na tarde de quinta (19) quem será o vice da Terceira Via; o segundo nome para a corrida ao Senado – a primeira vaga já está com o senador Cristovam Buarque (PPS) – e a lista de postulantes às câmaras dos Deputados e Legislativa do Distrito Federal. Também há a possibilidade de mais três partidos, ao menos, aderirem a coalizão, que já contou com 12 siglas e hoje é composta por PSDB, PRB, PSD, DC, PPS e PSC.
O curioso é que vários setores que se dividiram em via tal, via não sei o quê, agora estão tentando se aproximar novamente. Por que não fizeram antes? A gente sabe. Os interesses pessoais são maiores que os coletivos
" Jofran Frejat, durante discurso a apoiadores na noite dessa quarta (18)
Para o presidente do PR-DF, Alexandre Bispo, a prioridade é garantir a candidatura de Frejat. “Nenhuma porta está fechada para coligação, mas a prioridade no momento é fortalecer a candidatura dele”, afirmou. De acordo com Izalci, após bater o martelo sobre os postulantes aos cargos majoritários, a coalizão passará a discutir o projeto de uma possível gestão e não mais a composição do grupo.