As turbulências políticas vividas pelo deputado federal e presidente do PSDB-DF, Izalci Lucas, têm testado a determinação do tucano em manter (ou não) o projeto de concorrer à sucessão do atual governador Rodrigo Rollemberg (PSB). O anúncio dessa quinta-feira (19/7) de que seus aliados recuaram do apoio à sua eventual candidatura ao Governo do Distrito Federal pegou o tucano de surpresa e, mais uma vez, provocou um racha no grupo classificado por eles próprios como terceira via.
Contra a própria vontade, o parlamentar viu a maioria da sua coalizão optar pelo nome do companheiro de chapa e de Câmara dos Deputados, Rogério Rosso (PSD), como seu substituto na corrida pelos votos dos brasilienses. Desde que anunciou a disposição de encabeçar campanha majoritária ao GDF, Izalci tem sido alvo de ofensivas contra o projeto.
Primeiro, a resistência partiu de correligionários, o que desestabilizou a segurança política do parlamentar com os demais partidos que formam a terceira via – além do PSDB, PRB, PSD, DC, PPS e PSC. Mais recentemente, a própria coalizão passou a costurar estratégia para demover do tucano da decisão de concorrer ao Buriti.
O entendimento interno é de que, apesar da escolha pelo nome de Izalci ter sido inicialmente por consenso, o grupo recuou da decisão por motivos mais pragmáticos do que programáticos em si. Além de avaliarem a falta de crescimento na preferência do eleitorado ao tucano, a intransigência do político, segundo ponderaram, foi também crucial para a nova decisão.
O senador Cristovam Buarque, um dos articuladores da coalização, resumiu: Rogério Rosso pode agregar mais aliados à campanha do que Izalci.
Terceira tentativa
A aliança corre contra o tempo para tentar montar uma chapa convidativa e, claro, competitiva para tentar evitar a reeleição de Rollemberg. Com Izalci, não deu certo. Tentaram atrair o médico Jofran Frejat (PR) para integrar a composição. Também sem sucesso. Agora, esperam ter em Rogério Rosso, que já ocupou o Governo do DF com mandato tampão, um resultado diferente. E definitivo.
Apesar de ainda não ter confirmado se aceita ou não o desafio, Rosso sabe que dificilmente os companheiros, os quais foram favoráveis à mudança de estratégia, aceitarão Izalci de volta como cabeça de chapa. A instabilidade política prejudica a confiança com o eleitorado. Como consequência, o grupo ficará rachado e o estrago será ainda pior.
Com insatisfação óbvia sobre os novos rumos da aliança, o tucano sinalizou que permanecerá com o projeto, “nem que saia sozinho ou com dois partidos”, conforme declarou ao Metrópoles. A decisão foi reafirmada durante encontro com militantes de Planaltina (DF), na noite dessa quinta-feira (19).
Porém, o risco dessa determinação, chamada pelos aliados de Izalci como “intransigência”, é que a já combalida oposição ao governo Rollemberg saia menor da disputa distrital, a qual sequer começou de fato. E também que adversários do mesmo campo ideológico acabem fortalecidos.