A trajetória dele no Direito começou em 2014, quando, aos 14 anos, prestou vestibular para a Universidade de Brasília (UnB). Ao ser aprovado nas provas, pai dele recorreu à Justiça para que o jovem pudesse concluir o Ensino Médio por meio de supletivo e, assim, ingressar na universidade. Com a liminar em mãos, Mateus teve de concluir o trâmite em 24 horas. “Pelo curso, concluí o nono ano do Ensino Fundamental e todo o Ensino Médio”, relembra o rapaz.
Na avaliação do jovem, ter pulado todas essas etapas não o prejudicou em nada. “Acredito que minha aprovação tem relação com a bagagem que adquiri durante todas as minhas atividades escolares e extracurriculares. Desde os 11 anos, meus pais tiveram a preocupação de que eu me adiantasse e estivesse à frente da minha série”, relata.
Veloz também na faculdade
Na UnB, o jovem também foi além da média: concluiu o curso de dez semestres em quatro anos. O Índice de Rendimento Acadêmico (IRA) de Mateus foi equivalente a 4,6. O máximo é 5. “Por ter adiantado muitas matérias, acredito que isso pode ter afetado meu rendimento. Assim, não completei a graduação com a nota máxima”, afirma.
Mas isso não é problema pra ele, que desde tão jovem é prodígio e se destaca em tudo que faz. Aos nove anos de idade, Mateus já estava apto a escrever redações em inglês. Aos 13, participou da Olimpíada Nacional de Raciocínio jogando damas. Ganhou a competição no Distrito Federal e ficou em sexto lugar em âmbito nacional.
“O título que mais me orgulha foi ter participado do Centro de Jovens Talentosos de uma universidade dos Estados Unidos. Isso mudou minha vida. Foi uma quebra de paradigmas”, comemora. Nesse centro, Mateus ficou entre os dez melhores alunos.
Honra
Mateus cita personalidades como Barack Obama, Nelson Mandela, Mahatma Gandhi, Ruy Barbosa e Sobral Pinto ao demonstrar a honra em seguir a carreira de jurista. “Saber que sou o mais jovem dessa profissão que é tão honrada, e tão importante para mim, significa muito. Fico feliz e realmente muito emocionado. Ser o mais jovem do Brasil a obter a OAB é uma conquista muito cara”.
O mais novo advogado pretende aproveitar a conquista para aprofundar os conhecimentos e estudar mais, antes de iniciar sua carreira profissional.
O jovem na carreira
Tio de Mateus, o desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) Diaulas Costa Ribeiro considera que é necessário “romper as amarras da idade’’. Para ele, a sociedade é preconceituosa ao diferenciar os jovens profissionais.
O magistrado considera que Mateus é tão preparado quanto juristas com mais tempo de profissão. “Ele tem o frescor do saber de hoje, enquanto muitos tem o frescor do saber de ontem”. Ribeiro considera acertado o ingresso do jovem na universidade pelo talento, e não pela idade.
Exame da OAB
O advogado Frederico Soares de Alvarenga, vice-presidente da Comissão de Provas e Exames da OAB, explica que o Exame da Ordem ocorre em duas etapas. A primeira é objetiva e a segunda, subjetiva, de conhecimento específico que o candidato irá escolher. A primeira fase possui 17 disciplinas, contendo 80 questões. Para ser aprovado, é necessário que se acerte a metade.
Antes de realizar a segunda fase do processo, o candidato irá escolher uma das seguintes disciplinas: penal, cível, constitucional, administrativo, tributário, empresarial e trabalhista. Em seguida, irá realizar uma prova em que fará uma peça, ou seja, uma simulação da atuação como advogado, e responderá a quatro questões abertas referentes à matéria. Nesta fase, o concorrente deverá atingir seis pontos.
Alvarenga comenta que existem muitos questionamentos dos alunos sobre a inclusão de uma prova oral. “Não é algo ainda vislumbrado pela OAB, mas existe a cogitação, para que o exame possa verificar melhor a capacidade do futuro advogado”, informa.
Preparação
Para se preparar para a prova, o coordenador científico do Gran Cursos Online, Marcelo Borsio, recomenda o treino de uma peça por dia para a segunda fase do exame. “É necessário ter boa escrita e saber expressar bem as ideias”, completa.