O servidor da Novacap preso nesta sexta-feira (10) por estupro de vulnerável atacava crianças da própria família. Das sete vítimas identificadas até agora, três são sobrinhas do acusado. Segundo a Polícia Civil, a mãe de duas delas chegou a descobrir os abusos, mas fez um acordo com o homem de 50 anos para não denunciar os crimes. A mulher é irmã do acusado.
“Eles fizeram um trato em que ele pagaria 600 reais mensais em prol do silêncio. E assim ele cumpria com os pagamentos todos os meses”, informou a delegada 19° Delegacia de Polícia, Adriana Romana.
O criminoso tinha uma espécie de estúdio dentro de casa, onde fazia fotos e vídeos das vítimas. Era neste cenário onde as elas eram estupradas. Todo o material registrado era vendido para sites estrangeiros, incluindo portais da Rússia. As câmeras eram escondias para que as crianças não percebessem que estavam sendo filmadas.
Denúncia partiu de vítima
Os policias chegaram até o acusado após denúncia de uma das vítimas, atacada durante oito anos. Os abusos começaram quando ela tinha oito anos e seguiram até os 16. “Os familiares da menina já sabiam desde 2016, mas acabaram não denunciando. Agora, ela maior de idade, percebeu que o criminoso estava abusando de outras crianças. Por isso ela resolveu relatar tudo o que já tinha passado nas mãos dele”, explica Adriana.
Durante depoimento, a vítima explicou como o criminoso agia. “Disse que ele começava com os filmes, sexo oral e, por fim, a conjunção carnal. Há relatos de que ele fazia também sexo anal com as meninas”, conta a delegada. Quando ele não concluía com relação sexual, algumas vítimas eram molestadas.
Prisão
Coordenada pelo delegado Ricardo Bispo, a operação batizada de “Infância não tem preço”, foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (10). O servidor foi preso no momento em que saía de casa para trabalhar. Ao ser surpreendido, o homem admitiu aos policiais que já sabia do motivo da prisão e alegou: “Estou procurando tratamento, mas ele ainda não chegou”.
Ele mora em uma casa da QNQ 4, onde foram encontradas diversas câmeras fotográficas, notebooks e equipamentos que mantinha arquivado cenas das crianças praticando sexo. O homem atraía as vítimas prometendo brinquedos, doces e banhos de piscina. Além disso, ele tinha o costume de dar presentes e dinheiro às vítimas em troca do silêncio delas.
“Como ele mora em frente a uma escola de Ensino Fundamental e a um parquinho, suspeitamos que tenha subtraído imagens de algumas vítimas dessa escola ou até mesmo da praça onde fica o parque”, ressalta Bispo. Segundo o delegado, para os adolescentes, o criminoso oferecia a colocação de piercings, caso a vítima rejeitasse os doces e brinquedos.
A residência de dois andares utilizada pelo autor dos crimes, também pertencia à mãe, que, segundo a polícia, disse não ter conhecimento do que acontecia no andar de cima. A versão, no entanto, não convence. “Muito difícil não saber o que está acontecendo dentro de casa. Indagamos e ela se esquivou dizendo que não sabia de nada”, conta o delegado.
Pena
O homem, que já responde por três estupros de vulnerável, agora responde por estupro de vulnerável aplicado à lei Maria da Penha, haja vista que ele tem uma relação familiar com as vítimas. A pena varia de 8 a 15 anos por cada crime cometido. As investigações continuam para concluir se a irmã compactuou com a situação por medo ou por ser cúmplice do pedófilo.
Novacap
Em nota, Novacap informou que ainda não foi comunicada oficialmente da prisão de seu servidor. “A companhia lamenta o fato e esclarece que repudia todo tipo de violência. A Novacap irá colaborar com as investigações, caso seja demandada”, escreveu.