Vitimas foram identificadas em Sobradinho, Planaltina, Taguatinga e Ceilândia, mas a polícia acredita que existam muito mais espalhados pela capital. A primeira ocorrência é datada de 2014, mas o grupo trabalhava no ramo há seis anos e nunca teve loja física. Ainda não é possível estimar o lucro obtido com o crime.
O que se sabe é que o valor pago pelas vítimas era, em média, de R$ 2 mil, enquanto o acertado pouco passava de R$ 100. Presos, os suspeitos negam os golpes. Em depoimento, classificaram as vítimas como “maus pagadores” que deveriam ter procurado por eles em vez da polícia. As investigações, que duraram mais de quatro meses, indicam o contrário.
Alexandre Dias Arão, 42, e o filho Marcelo Vendramel Arão, 20, foram presos e serão indiciados por estelionato contra idosos, que tem previsão de pena ainda maior que o crime comum. Eles devem responder 14 vezes pela prática ilegal e podem pegar, por cada caso, dez anos de reclusão. Segundo Darbas Coutinho, delegado cartorário da 17ª Delegacia de Polícia de Taguatinga, a dupla usava a estrutura da empresa regular familiar para aplicar golpes.
Conforme as investigações, a dupla oferecia serviço de instalação e manutenção preferencialmente contra idosos. As vítimas eram escolhidas após observação de campo. Eles verificavam quais tinham portões eletrônicos, campainhas ou câmeras e abordavam para oferecer o trabalho a baixo custo.
“Em alguns casos, até se efetivava o serviço, mas na maioria das vezes apenas colocava carcaça vazia. Na hora de passar a conta na máquina de cartão, acrescentava-se alguns zeros e passava bem mais alto que o valor acertado. Articulado e dissimulado, eles conseguiam distrair e passar os idosos para trás”, explica o delegado.
Na casa da família, em um condomínio fechado em Vicente Pires, foram cumpridos os mandados de prisão preventiva, de busca e apreensão e sequestro de um carro. No local, foram encontradas diversas notas e “ordens de serviço” indicando a maioria das vítimas como aposentados e pensionistas.
Para Darbas Coutinho, o grupo tinha esse público como alvo por serem mais fáceis de distrair. “Muitos têm algum problema de visão, por exemplo, e não conseguem reparar no valor na máquina. Na delegacia, vítimas se negam a aceitar que foram vítimas de golpe. Eles têm vergonha”, relata. A conta de Alexandre também foi bloqueada judicialmente.