Os policiais apreenderam provas nesta manhã. Entre eles, contratos de prestação de serviço para prefeituras da região metropolitana do DF. A operação, autorizada pela 3ª Vara Criminal de Brasília e pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), investiga práticas de lavagem de dinheiro vindo de prefeituras e verbas indenizatórias de parlamentares, dentro e fora do DF. É conduzida pela Divisão de Combate aos Crimes contra a Ordem Tributária da PCDF.
As investigações começaram a partir de uma denúncia. Ficou comprovado que as empresas têm um faturamento exorbitante e, juntas, faturaram mais de R$ 11 milhões entre janeiro de 2016 e junho de 2018. Os sócios, membros da mesma família, e funcionários, mantêm um estilo de vida discreto, com residência própria em Taguatinga. “Ao que tudo indica, não são os reais destinatários dos valores”, esclarece o delegado-chefe da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes Contra a Administração Pública, Fernando César Costa.
Diarista
A proprietária da Cloud Technology, empresa localizada no Setor de Indústrias Gráficas, é Fátima Ferreira dos Santos. Enquanto a firma fatura milhões por ano, ela trabalha como diarista. Ela foi casada com Francisco Edielson Soares, atual secretário parlamentar de gabinete do deputado federal e candidato ao Governo do DF Alberto Fraga (DEM). Ele exerce cargo de gerência na empresa.
A Atos Dois pertence, no papel, à filha de Fátima: Flávia Ferreira dos Santos. Essa empresa, cujo nome fantasia é Xeque Mate Comunicação, já foi investigada pelo Tribunal de Contas do DF e pelo MPDFT anteriormente, por superfaturamento de serviços de publicidade pagos com verbas de gabinete, segundo a PCDF. A investigação atual, porém, ainda não comprovou vínculo de autoridades com o esquema.
“Testas de ferro”
Outro membro da família, Danilo Ferreira dos Santos (filho de Edielson Soares), atua como gerente na Atos Dois. A polícia define a participação de todos no esquema como “testas de ferro”. Diferentemente dos laranjas — que têm quase nenhum conhecimento sobre a lavagem de dinheiro —, os “testas” participam diariamente das atividades consideradas criminosas.
A principal hipótese da polícia é de que os clientes das firmas utilizam as empresas para obter algum tipo de benefício. O delegado considera, ainda, que os R$ 11 milhões são só o começo. “É o valor que eles receberam e declararam. Pode haver muito mais”, sinaliza. A investigação continua e deve pedir ao Judiciário medidas como a quebra do sigilo bancário dos envolvidos.
Saiba Mais
A assessoria do deputado Fraga comentou a operação policial. Informou que Francisco é contratado legalmente e cumpre expediente normal no gabinete na Câmara dos Deputados.
Ressaltou ainda que o trabalho contratado pelo gabinete com a Cloud Technology, que presta o mesmo serviço para outros parlamentares, é legal e o pagamento também.
“Diante disso, não resta a menor dúvida de ser essa mais uma ação política do governo local para constranger o deputado Alberto Fraga, uma vez que ele vem subindo nas pesquisas”, completou.