A diretora executiva do Ibope, Márcia Cavallari, disse ao Estado que as intenções de voto do deputado Jair Bolsonaro, presidenciável do PSL, estão consolidadas e que deverá ser muito difícil reverter esse cenário até o dia da eleição.
Segundo dados da mais recente pesquisa Ibope, 77% das pessoas que declararam voto em Bolsonaro na pesquisa estimulada já tinham citado antes, de forma espontânea, o nome do capitão reformado.
O candidato do PSL oscilou positivamente dois pontos – passou de 15% para 17%, repetindo o mesmo movimento na pesquisa estimulada, na qual passou de 20% para 22%. Ciro Gomes (PDT) passou de 2% para 4%, enquanto Marina Silva (Rede) foi de 1% para 3% e Geraldo Alckmin (PSDB), de 2% para 3%.
“É um fenômeno. É muito difícil reverter esse voto. Não me lembro de ter visto uma pergunta espontânea que caiu ao longo da campanha. Nunca vi espontânea cair de uma pesquisa para outra, oscilar negativamente. Sempre crescente. O voto dele é firme e consistente”, afirmou.
Ela diz, porém, que os ataques contra Bolsonaro podem aumentar, o que o impediria de crescer mais. “Com a consolidação da espontânea, a probabilidade de ele ir para o segundo turno é grande. Mas não sabemos o que vai acontecer com as pessoas depois desse fato (o ataque a faca sofrido pelo candidato)”, disse Márcia.
A diretora do Ibope disse ainda que a pesquisa não detectou o real poder de transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (cuja candidatura não foi aceita pelo TSE) para o ex-prefeito Fernando Haddad. “As pessoas não têm conhecimento pleno de que o Haddad é o candidato do Lula. Essa comunicação ainda não chegou como deveria. A gente pegou apenas um dia de programa eleitoral nessa pesquisa. Nas próximas, vamos ver se as pessoas estarão sabendo que o Haddad é o candidato do Lula e se o Alckmin cresce com o programa eleitoral dele.”
Primeiros dez dias de TV são vitais, afirma consultor tucano
O sociólogo Antonio Lavareda é o principal consultor de pesquisas da campanha do presidenciável do PSDB. O Ipespe, instituto do qual ele é presidente do conselho científico, tem contrato com o partido na campanha. Ele disse que a propaganda na TV precisa de até 10 dias para dar resultado. “Os primeiros 10 dias de TV são vitais para mostrar os pequenos sinais de redução de uns e crescimento de outros.”
Lavareda reconhece a dificuldade de mudar o voto espontâneo, mas disse que o arsenal de Alckmin na TV poderia quebrar essa fortaleza de Bolsonaro nas pesquisas. “O voto espontâneo pode ser modificado, embora não seja o mais fácil.”
Segundo Lavareda, o fato de Bolsonaro ter um bom desempenho na intenção de voto espontânea é “um sinal de consolidação” do candidato do PSL. “Mas, mesmo as intenções de voto espontâneas, não resistem à chegada de novas informações que modificam a percepção que a pessoa tem do candidato”, disse ele.