O rorizismo foi o maior movimento político da história do Distrito Federal. O seu idealizador, Joaquim Roriz, falecido na quinta-feira (27), foi governador por quatro vezes e considerado o melhor chefe que o Palácio do Buriti já teve.
Foi o único governador que conseguiu entender as necessidades do povo. Sua morte não encerra a trajetória política do rorizismo. A eleição deste ano ao GDF coloca mais uma vez a prova o seu estilo de governar.
Nas quase três décadas de rorizismo, houve muitas traições. A principal delas foi do ex-deputado Tadeu Filippelli, que surgiu na política pelas mãos de Joaquim Roriz.
Filippelli foi casado com uma sobrinha do ex-governador. Era também o braço direito do “Velho”.
A traição, quando é dentro de casa, dentro da família, é a mais doída. Roriz foi praticamente expulso do PMDB por uma articulação de Filippelli com caciques nacionais, como o atual presidente Michel Temer, aliado de Filipppeli.
Na disputa deste ano, o legado de Joaquim Roriz e o seu ex-aliado Tadeu Filippelli estão frente a frente novamente.
A candidata do rorizismo, Eliana Pedrosa (Pros) deve enfrentar em um segundo turno o candidato de Filippelli, o advogado Ibaneis Rocha (MDB).
Weslian Roriz gravou vídeo em apoio a Eliana para que não fique dúvida do apoio de Joaquim Roriz. O que aproxima Eliana de Joaquim é, principalmente, o olhar social e a preocupação como a população mais carente.
Aliado a isso, um plano de desenvolvimento para o Distrito Federal, que vem sofrendo com dois governos desastrosos, Agnelo Queiroz (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB).
O candidato de Filippelli, Ibaneis Rocha quem sepultar o legado rorizista. Junto com seu padrinho político, pretende iniciar uma nova era na política brasiliense. Uma nova era, com velhos conhecidos.
Tanto Ibaneis, quanto Filippelli não escondem suas ligações com o petismo. Ibaneis fez fortuna defendendo ações de sindicatos ligados do PT. E Filippelli foi o vice-governador de Agnelo Queiroz.
Os dois apostam numa vitória de Fernando Haddad (PT), candidato de Lula, para governar o Distrito Federal em aliança com o petista, no Palácio do Planalto.
A disputa não será apenas entre Eliana e Ibaneis, será entre Joaquim Roriz e Tadeu Filippelli. Será entre o rorizismo e o petismo.
Nas eleições de 1998, tivemos uma situação semelhante a atual. Joaquim Roriz disputava o GDF com o então governador Cristovam Buarque, do PT. As pesquisas apontavam uma vitória de Cristovam e dava a eleição como liquidada.
Sobrava empáfia e soberba a Cristovam, que no debate da Globo tentou menosprezar Roriz. Era o reitor da UnB, como toda a sua bagagem cultural e fala bonita tentando humilhar Joaquim Roriz porque ele não falava as palavras corretamente, mas da maneira que o povo entendia. Roriz, a empáfia e a soberba de Cristovam derrotaram o petista.
Ibaneis é um homem culto. Como um dos melhores e mais ricos advogados de Brasília, se expressa muito bem. Quando se dirige aos adversários, o seu jeito de falar lembra a empáfia e a soberba de Cristovam. Ibaneis não aprendeu a falar a linguagem do povo. E isso é um grande desafio para um político que quer chegar ao Palácio do Buriti.
Se Ibaneis está mais para Cristovam, Eliana segue os passos de Joaquim Roriz. E até as pesquisas remontam a eleição de 98.
Será um tira-teima entre Roriz e Filippelli.