política na capital federal, tendo como ex-líder o governador recém-eleito Ibaneis Rocha (MDB).
O emedebista participa indiretamente da disputa. Até julho, ele e o atual presidente da entidade, Juliano Costa Couto, discordavam na escolha de um nome para encabeçar a chapa que representaria a atual gestão. Para integrar o apoio de dois nomes importantes na OAB/DF, o grupo promoveu uma votação secreta e lançou o nome do atual secretário-geral da Ordem, o advogado Jacques Veloso.
Participação ativa
Com 43 anos de idade e 16 de OAB, Jacques Veloso é fundador do escritório Veloso de Melo Advogados. Com o tempo de casa somado aos apoios, aparece como um dos nomes mais fortes pela disputa. Jacques participa da Ordem desde os 27 anos, quando fez parte da Comissão de Advogados Iniciantes, pauta que quer levar para uma eventual gestão. “Quero incentivar o apoio aos jovens advogados, melhorar a entrada deles no mercado de trabalho e assim diminuir o alto desemprego dentro da categoria”, ressalta.
O candidato também destacou a aplicação da lei dos honorários de sucumbensia, pelo qual a parte perdedora no processo é obrigada a arcar com os custos do advogado da parte vencedora. Na composição da chapa, Jacques afirma que tentou representar todas as categorias da advocacia, com representantes de áreas estatais, trabalhista, tributária e criminal.
Longe de partidos
Dentro dos grupos tradicionais, o principal concorrente de Jacques deve ser o advogado Délio Lins. Ele recebe apoio do advogado Francisco Caputo, que presidiu a OAB/DF entre 2010 e 2012, após vencer Ibaneis na disputa pelo cargo. Na gestão de Caputo, Délio atuou como conselheiro, presidindo as Comissões de Apoio ao Advogado Iniciante e de Honorários da instituição. Caso Délio assuma a presidência, Caputo será o conselheiro federal.
Em 2015, Délio disputou a presidência da OAB/DF, ficando em segundo lugar. Agora, busca a eleição para “recuperar o respeito e a representatividade aos advogados”. Um dos meios de garantir isso seria “desvincular o conselho de partidos políticos”. “Queremos resgatar a voz da Ordem, como instituição que tem história na defesa dos direitos da sociedade e das prerrogativas profissionais. Isso só será possível com a desvinculação total de partidos políticos e interesses partidários. Lutamos por uma OAB/DF independente de fato e que volte a representar os advogados e a advocacia”, afirma Délio.
Via alternativa
Apoiados pela onda de renovação no cenário político, duas candidaturas chegam às eleições da OAB/DF munidos pelo discurso de pôr um fim nas oligarquias na entidade. Um deles é Max Telesca, candidato a vice-presidência da OAB/DF em 2015 pela chapa liderada por Paulo Roque, que disputou cadeira no Senado Federal pelo Partido Novo, mês passado.
Advogado há 21 anos, Telesca é presidente do Instituto de Popularização do Direito (Ipode), que busca levar as populações mais carentes a linguagem do direito de maneira mais simplificada. Na OAB/DF, atuou como presidente da Comissão de Direitos Sociais e do Tribunal de Ética e Disciplina. “Há uma crise muito grande no mercado de trabalho e na nossa relação com o Judiciário e o Ministério Público. Estamos nessa cruzada para mudar a forma como a nossa categoria está sendo tratada. Ajudar os advogados da advocacia real, que está longe dos centros urbanos”, comenta.
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A chapa presidida por Max passou por formulação ao longo dos últimos cinco meses. “Nesse movimento buscamos incluir mulheres, advogados públicos e minorias. Chegamos à formação de uma chapa plural e em busca do fortalecimento da advocacia real”.
Representatividade
A pluralidade na OAB/DF também é a meta da chapa liderada por Renata do Amaral, em que 70% dos postos são ocupados por mulheres. “São 88 anos de existência e nunca existiu em nenhum lugar do Brasil, nem no Conselho Federal, nem em alguma seccional, uma chapa composta majoritariamente por mulheres, incluindo os cargos de direção”, destaca a advogada. Ela atua, principalmente, nas cortes superiores e nas causas que envolvem violência de gênero e direito das mulheres.
Renata destaca que as mulheres ocupam cerca de 50% da OAB/DF, mas ainda são minorias na Ordem — só uma mulher presidiu a entidade, Estefânia Viveiros, entre 2004 e 2009. “ A nossa chapa é a única que traz uma renovação e inovação na diretoria da Ordem. Trazemos na composição efetivamente pessoas que nunca participaram e nunca concorreram a nenhuma cargo de direção. É uma oxigenação”, explica.
Para Renata, a OAB tem historicamente um papel na defesa do estado democrático de direito, mas que ao decorrer do tempo isso se perdeu. “Vamos retomar o papel da OAB nas discussões de relevância tanto nacional quanto local. Vamos nos posicionar firmemente contra a retirada de direitos, as injustiças sociais e na defesa dos direitos humanos”, pontua.