Subtraiu, afanou, surrupiou. Jair Bolsonaro está determinado a promover uma devassa nos redutos da União, antes frequentados por Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Se confirmado o desaparecimento de 712 objetos do acervo da Presidência da República nos governos dos dois petistas, então não há mesmo mais nada a esperar dessa dupla.
Michel Temer não quis habitar o Palácio da Alvorada por isso. Exigiu um inventário para saber o que sumiu. Não foi pouca coisa. A sensação de que eram donos de tudo, Lula e Dilma, talvez tenha sido o motivo para assaltar o galinheiro presidencial. Psicopatia, cleptomania, síndrome de Diógenes? Se ambos são doentes, o diagnóstico está acima das piores previsões.
Não importa. Se comprovados os furtos em série de bens públicos, os dois devem ser condenados também pelos crimes de menor impacto, segundo o jargão penal. A apropriação indébita promovida por eles do alheio povo brasileiro já havia sido condenada em outros episódios, mas a relação curiosa descoberta nesse caso é uma vergonha: o broche de ouro e diamante que adorna a faixa presidencial, vaso chinês, obras de arte, tapetes…
Antes eram conhecidos por promover sumiços patrimoniais como profissionais de alto nível, bilhões de dólares, distribuição gratuita de refinarias, compra de empresas multinacionais para a família. Mas a gênese descoberta do caráter dos líderes da maior organização criminosa de todos os tempos, explicaria Sigmund Freud, surrupiando quinquilharias, deu origem à afanação maior, jamais vista no planeta. Tudo começa em casa. Está explicado.Qual seria o plano? Mobiliar uma réplica do Palácio da Alvorada em Atibaia, talvez, e lá despachar com os companheiros usando a faixa presidencial original. Diriam os amigos de cela do ex-presidente que não sabe de nada: perdeu, a casa caiu!
O ilustre ministro Sérgio Moro terá agora a missão de ficar de olho na movimentação financeira do Partido dos Trabalhadores, aparentemente a única fonte de renda nacional disponível para torrar com as celebridades, o preso e a desempregada.
Vale lembrar que os recursos do fundo partidário são também públicos. Não podem, portanto, ser utilizados para pagar advogados em suas defesas. Um fato, porém, que na cabeça dos dois parece ser irrelevante. Afinal, eles são os donos do mundo, e ninguém chegou ainda aos cofres internacionais onde, acreditam alguns, escondem o estelionato principal. Isso porque não poderão penhorar na Caixa Econômica os bens que esconderam em vários lugares.
A pilhagem aconteceu em vários endereços: nos palácios da Alvorada e Planalto e na Granja do Torto, casa de campo onde eram reunidas as quadrilhas. De São João, naturalmente, em torno da fogueira e da batata doce assada. Julgavam que teriam as escrituras daqueles imóveis e que a ocupação era com “porteira fechada”, mas veio o despejo e só foi possível levar a mobília.
Não é possível qualificar esse comportamento vil nunca antes visto na história do Brasil. Mas parece que é real. Enquanto Lula aguarda outras condenações, Dilma espera pela primeira e deve estrear com o caso da refinaria de Pasadena, assim que Bolsonaro abrir as caixas pretas espalhadas por todo o governo.
A turma da limpeza vai ter muito trabalho. Depois de esfregar a imundície pesada, terão que espanar coisas menores, não menos importantes. Eita turminha que dá trabalho…