Um artigo assinado por Adalberto Piotto no portal Comunique-se.com (uma espécie de bíblia do jornalismo brasileiro) está dando pano pra manga. No texto, o articulista condena colegas que criticam o presidente eleito apenas por seu viés político.
Piotto entende que ataques a Bolsonaro – como tem ocorrido com Donaldo Trump nos Estados Unidos – não levarão a nada. “Não é papel do jornalismo diminuir o debate”, afirma o repórter.
A categoria se dividiu nos comentários ao texto. Mesmo publicado às vésperas do primeiro turno, ainda gera polêmica. Principalmente quando Piotto dá a entender que os lulopetistas precisam entender que Bolsonaro e suas ideias existem, por mais excêntricas que sejam.
Já foi âncora da CBN em São Paulo, onde começou como repórter. Em 2014, de julho até o início de dezembro, foi âncora do ‘Jornal da Manhã’, noticiário transmitido pela Jovem Pan. É palestrante nas áreas de economia, realidade social brasileira e jornalismo.Adalberto Piotto tem um currículo extenso. Formado pela Universidade Metodista de Piracicaba com especialização em economia pela Fipe-USP, ele é apresentador do ‘Cenário Econômico’, programa fruto da parceria da TV Brasil (estatal que promove o governo) com a BM&FBOVESPA. É diretor e produtor do filme-documentário “Orgulho de Ser Brasileiro” (2013), de sua autoria, que disseca o estilo de ser do brasileiro com todas as suas nuances e oscilações de sentimento enquanto cidadão.
O texto de Piotto, atual, é reproduzido a seguir:
É impressão minha ou o jornalismo brasileiro está fazendo com Bolsonaro o que a mídia americana fez com Trump? Preconceito não é jornalismo.
Ignorar movimentos da sociedade, sob o pretexto de considerá-los equivocados, dá errado. Não é papel do jornalismo diminuir o debate.
Bolsonaro existe com todas as suas ideias. Se excêntricas ou não, ele e elas existem.
Apoiadores de Bolsonaro, e falo de densidade eleitoral, também existem.
A democracia permite que ele, seus aliados e apoiadores existam. E têm direitos. Assim como tiveram outros que levaram o país ao brejo da maior recessão econômica que vivemos.
Ignorar seu poder, suas propostas, seus anseios, é um erro de arrogância, pretensão e mau jornalismo.
A tensão política que temos no país é real e não parece perder ímpeto porque a gênese política depois do asqueroso “nós contra eles”, implantado pela pretensa ditadura lulopetista, um dos episódios mais tristes e lamentáveis da nossa história recente, permite que qualquer um se apodere do “nós” ou do “eles” e instale uma guerra, não um debate eleitoral e democrático.
Some-se a isso a mania nacional de acreditar em salvadores da pátria e atalhos, que esperava ter sido superada, e o espaço é farto pra eleger radicais de ambos os espectros, condenados em primeira instância e pregadores do paraíso.
Não é papel do jornalismo ser arrogante, jocoso, grandiloquente, superior. Com ninguém!
Ir às ruas, e isso se tornou um conceito mais amplo depois das redes sociais na internet, pra reportar a sociedade, seus movimentos e anseios, com precisão e interesse jornalísticos, o que significa ouvir com apreço e atenção, ainda é o melhor a se fazer.
Uma eleição nunca foi e jamais será decidida numa redação. E jornalismo nunca foi quarto poder de nada.
Os comentários – um verdadeiro racha entre jornalistas -, podem ser lidos no link portal.comunique-se.com.br/bolsonaro-e-o-erro-capital-do-jornalismo