Tão logo sagrou-se campeão das urnas em outubro último, o presidente eleito Jair Bolsonaro mandou um recado ao mundo: alinhamento irrestrito com a política externa de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, com consequente afastamento de grandes mercados consumidores, a exemplo da Ásia (dominada por chineses) e o Oriente Médio, que importa bilhões de dólares todos os anos do Brasil.
Na contra-mão da política externa bolsonarista, o governador eleito de Brasília, Ibaneis Rocha (MDB), abriu os olhos e começou a articular parcerias com empresas de Pequim. O primeiro resultado foi conhecido neste sábado, 15: cooperação para a construção de um gasoduto para abastecer a capital da República.
O governo de transição de Ibaneis não deu detalhes sobre esse protocolo de intenções. Mas adiantou que o gasoduto será um dos principais projetos a ser desenvolvido em parceria com a HRH-China. Trata-se de uma multinacional que atua em diferentes áreas, desde infraestrutura a projetos sociais – como a área de saúde.
O termo de cooperação foi firmado entre o vice-governador eleito Paco Britto e Zhou Yang, representante da HRH-China. Pedro Luiz Rodrigues, secretário de Relações Internacionais do próximo governo, diz que uma das metas do governador Ibaneis Rocha é trazer investimentos de peso para o Distrito Federal.O tratado pode incluir a construção de ferrovias (Ibaneis sempre se mostrou favorável à Ferrovia do Pequi, ligando o Distrito Federal a Goiânia), e o metrô de superfície (principalmente ligando as regiões da saída Norte ao Pano Piloto). A instalação de indústrias da área de tecnologia é outro ponto a ser discutido.
O gesto de Ibaneis foi aplaudido pelo setor produtivo. O raciocínio, de uma maneira geral, é de que o governador eleito pode avançar em muitas áreas, uma vez que evita pautar suas ações por ideologia. “Seu pensamento é pragmático, do tipo ‘onde tem gente para investir? É na China? Então vou buscar á'”.